É o novo serviço da Google, cada vez menos responsável apenas por um motor de busca e cada vez mais um gigante da Internet, com ambições tentaculares.

Depois do poderoso Gmail ter revolucionado a oferta de correio electrónico e do Google Earth permitir explorar o planeta através de imagens de satélites, a empresa norte-americana lança-se no mercado das chamadas e das mensagens pela Internet.

O Google Talk vai colocar a Google a competir com empresas como a AOL, líder do mercado americano de “instant messaging” com 41 milhões de clientes, e a Skype, pioneira nas chamadas via Internet com mais de 51 milhões de utilizadores.

É mais um passo da empresa criada em 1996 pelos então estudantes Larry Page e Sergey Brin. A empresa lançou, esta segunda-feira, o Google Sidebar, um acrescento ao Google Desktop, que permite ter acesso a notícias em tempo real, e-mail, fotos e outras funcionalidades, como a pesquisa no computador ou na Internet.

A Google domina o mercado das pesquisas, o seu produto original, e espera transferir essa posição para o “instant messaging” e chamadas gratuitas pela Internet.

Este novo “software” da Google poderá ainda vir a expandir-se para ligações de voz entre computadores e redes telefónicas terrestres.

O Google Talk – a versão de testes está disponível para “download” desde quarta-feira – compete directamente com o Microsoft Messenger, Yahoo Messenger e AOL Instant Messenger, ferramentas de conversação “online”.

O Google Talk é suportado pelo Gmail, lançado no ano passado. Ao contrário do Messenger, o Google Talk exige que o utilizador tenha uma conta de e-mail da empresa do serviço.

Recepção pouco entusiasta

Apesar da especulação inicial, vários “blogs” e publicações especializadas criticam a natureza espartana do programa.

O Google Talk não permite chamadas para telefones fixos ou móveis, como o Skype, o que leva publicações como a “Wired” a desvalorizar o burburinho em torno da aplicação.

A aplicação também não permite a transferência de ficheiros como o Messenger nem “emoticons” (ícones que representam emoções), mas a versão disponível não é ainda a final. A Google não adianta ainda o que vai mudar com a versão definitiva. Por enquanto, o programa mantém-se sem publicidade e com um visual minimal, como é timbre da marca.

Interoperabilidade adiada

O maior trunfo do Google Talk poderá ser a interoperabilidade entre o seu programa e outros com a mesma função. Actualmente, os utilizadores dividem-se por vários programas que não permitem a comunicação com utilizadores de outros programas.

A Google promete que o programa vai unir o mundo do “chat” online.

”Vamos tentar ser os primeiros a ligar toda a gente”, afirmou Georges Harik, director da Googlettes, a divisão responsável pelos novos produtos do Google.

Segundo Harik, o Google Talk vai ligar os diferentes serviços utilizando pacotes de “software” – o Jabber e o Trillion. -, capazes de tornar o “instant messaging” tão interoperacional como o e-mail ou os serviços telefónicos normais.

Texto e foto: Pedro Rios