Durante a Guerra Fria, particularmente durante as décadas de 50 e 60, havia uma teoria que dominava o pensamento dos militares norte-americanos: o “efeito dominó”. A teoria consistia na ideia que se algum país da América Latina ou Ásia se tornasse comunista, os países vizinhos depressa se seguiriam a adoptar esse tipo de sistema político.

Baseando-se na teoria do “efeito dominó”, os Estados Unidos, até ao fim da Guerra Fria (e mesmo depois, como no caso da Nicarágua), recorreram a uma política externa agressiva, atacando países onde suspeitassem que pudesse haver uma revolução comunista.

Hoje volta-se a falar em “efeito dominó”, a propósito de um espectro que esteve presente durante a Guerra Fria: o nuclear. Contudo, se na Guerra Fria as armas nucleares eram propriedade quase exclusiva das duas superpotências rivais – EUA e URSS -, hoje elas distribuem-se por vários países. Se no passado se falava no “equilíbrio do terror”, há quem garanta que já vivemos sob o desequilíbrio do terror: a tecnologia nuclear disseminou-se, está nas mãos de regimes ditatoriais e pode chegar às mãos de terroristas.

Duas situações são consideradas como críticas: o Irão e a Coreia do Norte.

John Pike, director do GlobalSecurity.org, um gabinete de consultoria especializado em questões de Defesa, com sede na Virgínia, Estados Unidos, explica ao JPN que, caso o Irão venha a obter armas nucleares, “a Arábia Saudita rapidamente fará o mesmo e o Egipto e a Síria terão de considerar as suas opções, também”.

“O Irão pretenderá, acima de tudo, atingir um patamar militar de
indiscutível superioridade militar e dissuadir potenciais agressores”, explica Maria do Céu Pinto, professora de Geopolítica na Universidade do Minho.

Há peritos que dizem que caso esta situação se venha a concretizar, Israel deixará de lado as insinuações ambíguas sobre o seu programa nuclear e preparará as suas armas para serem disparadas.

Mais para Este, outra inquietação espreita. O professor da Kennedy School of Government nos E.U.A., Ashton Carter, escreveu num artigo da revista da Universidade de Harvard, que “uma Coreia do Norte nuclear pode causar um ‘efeito dominó’ na Ásia Oriental, levando a Coreia do Sul, o Japão e Taiwan a questionarem-se se o seu estatuto não-nuclear é seguro”.

“A Coreia do Norte é outro caso de preocupação que só se pode
entender devido à natureza esquizofrénica do regime e à sua igualmente
histórica rivalidade com a Coreia do Sul”, observa Céu Pinto.

Em Junho deste ano, o embaixador norte-americano no Japão afirmava que no caso da Coreia do Norte desenvolver armas nucleares, “isso aumentará a pressão sobre a Coreia do Sul e o Japão para que estes se tornem, também, potências nucleares”.

Pedro Rios
Tiago Dias
Foto: Getty Images