Desde o final do século XX que um dos maiores problemas que se coloca à população mundial é a escalada do terrorismo. Desde 11 de Setembro de 2001, houve uma mudança no rumo do mundo ocidental, guiado pelos Estados Unidos da América, em busca de pôr um fim ao terrorismo, mais especificamente, ao de orientação islâmica.

Depois dos EUA, da Espanha e do Reino Unido terem sofrido atentados terroristas, coloca-se a hipótese de grupos terroristas obterem armas nucleares e fazerem uso delas contra alvos civis no Ocidente.

Alguns analistas indicam que já estamos a anos, e não a décadas, de sermos confrontados com o acesso a armas nucleares por parte de grupos terroristas.

O director do GlobalSecurity.org, um gabinete de consultoria especializado em questões de Defesa, com sede na Virgínia, Estados Unidos, John Pike, discorda dessa previsão, mas mostra-se reticente. “Não partilho deste pessimismo, mas planeio mudar-me da baixa de Washington para os subúrbios tão cedo quanto possível”, admite.

Por outro lado, a professora de Geopolítica da Universidade do Minho, Maria do Céu Pinto, considera que a possibilidade de grupos terroristas terem acesso a armas nucleares é remota. “Os terroristas não precisam das armas nucleares para disseminarem o terror e a destruição – veja-se o que estamos a viver actualmente”, afirma.

Há poucas possibilidades de um grupo terrorista aceder a armas nucleares. Podem roubar uma bomba nuclear no seu todo, o que será muito difícil, tendo em conta que os países que possuem armas nucleares as têm sob rígida segurança; ou podem roubar um dos dois materiais a partir dos quais se pode construir uma bomba nuclear: plutónio e urânio enriquecido. Caso optassem por roubar plutónio, seria pouco provável que o conseguissem levar para longe, já que é um material que emite grandes camadas de radiação, logo é de fácil detecção. O urânio enriquecido, porém, é mais fácil de disfarçar, bastando uma cobertura de chumbo para que não possa ser reconhecido.

No caso de um grupo terrorista ser bem sucedido no roubo de uma arma nuclear, ver-se-ia, ainda assim, a braços com grandes complexidades para a activar. Em entrevista ao “Washington Post“, o especialista em armas nucleares, Charles D. Ferguson, afirmou que mesmo que terroristas obtivessem uma arma nuclear “teriam de passá-la por uma série de eventos, incluindo mudanças de temperatura, pressão e condições ambientais, antes da arma se activar.”

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), refere que, para além do roubo de armas nucleares ou de materiais nucleares, há mais dois cenários possíveis para ataques terroristas: o roubo de outros materiais radioactivos (para construção de bombas “sujas”) e sabotagem de reactores nucleares activos.

As armas sujas são armas que usam material radioactivo de segunda mão e que têm um efeito contaminante. Misturam armamento convencional com material radioactivo, o que significa que causam danos através da explosão, que seria o mais significativo, e da radiação.

Desde 1993, registarm-se 175 casos de tráfico de materiais nucleares e 201 casos de tráfico de outros materiais radioactivos, segundo a AIEA. Contudo, apenas 18 destes casos envolveram o roubo de plutónio ou urânio enriquecido.

Pedro Rios
Tiago Dias
Foto: Getty Images