Terminou a ocupação israelita da Faixa de Gaza. A saída de Israel dos territórios ocupados marca o fim da ocupação iniciada há 38 anos, na sequência da Guerra dos Seis Dias.

A faixa de Gaza passa assim para controlo exclusivo da Autoridade Nacional Palestiniana e das suas forças de segurança.

Às 4h50 (hora de Lisboa) de segunda-feira, o coronel Aviv Kochavi, que comandava as forças israelitas em Gaza, passou a fronteira de Kissoufim, após o que “bulldozers” militares fecharam a passagem.

O vice-primeiro ministro israelita, Shimon Peres, considerou a ocupação da Faixa de Gaza um “erro histórico”, mas sublinhou que Israel tem que garantir que o território não se “transforme numa prisão ou num local de miséria”.

Israel exige que o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, controle os grupos palestinianos que recusam ser desarmados. Tel Aviv ameaça retaliar em força se os ataques a partir de Gaza continuarem.

”Não vamos tolerar a inaptidão, ignorar os falhanços ou os actos de terror”, afirmou um oficial israelita.

Hamas não desiste das armas

O principal movimento islâmico palestiniano anunciou segunda-feira que tenciona continuar a luta armada até à libertação total dos territórios palestinianos.

“A libertação da Faixa de Gaza não representa o fim do caminho para a nossa libertação total. Não teremos repouso enquanto não tivermos libertado todos os territórios palestinianos”, afirmou aos jornalistas Ismail Hanieh, um dirigente do Hamas.

Numa entrevista publicada hoje pelo jornal italiano “Corriere della Sera”, o dirigente palestiniano Mahmud Abbas afirma que se recusa a desarmar o Hamas porque isso poderia “apenas serviria para desencadear uma guerra civil”.

Destruição e festa

A saída das tropas israelitas foi acompanhada pela destruição de sinagogas, os templos religiosos dos ocupantes, por palestinianos.

Centenas de jovens incendiaram as sinagogas de dois colonatos deixadas pelos israelitas e pilharam outra, perante a impotência dos polícias palestinianos.

“Os israelitas destruíram as nossas casas e mesquitas. Hoje é a nossa vez de destruir as deles”, disse um homem em Nietzarim, que estava a bater num edifício com um grande martelo.

A destruição dos símbolos israelitas deve continuar nos próximos dias. Para evitar as desconfortáveis imagens de destruição, a Autoridade Palestiniana tinha pedido a Israel que destruísse as sinagogas.

“O nosso povo está a cheirar a liberdade”, afirmou um oficial do partido Fatah de Abbas. “Esperamos que a nossa alegria seja completa com fronteiras livres, com uma ligação à Margem Ocidental. Gaza deve ser o primeiro passo em direcção a um estado palestiniano”.

Pedro Rios
Foto: Wikipedia