Simon Wiesenthal, o veterano “caçador” de nazis que ajudou a levar 1.100 criminosos de guerra a tribunal, morreu, terça-feira, em Viena, com 96 anos, anunciou a organização não-governamental com o seu nome num comunicado colocado na Internet.

Wiesenthal morreu durante o sono, adiantou à agência Reuters o Rabi Marvin Hier, fundador da organização.

Nasceu em 1908 em Buczacz, então pertencente ao Império Austro-Húngaro na Galicia (hoje Ucrânia).

Foi um dos poucos sobreviventes dos campos de concentração nazis da Segunda Guerra Mundial. Ao contrário de outros sobreviventes, Wiesenthal não quis voltar à antiga profissão – a arquitectura – e tornou-se num famoso “caçador de nazis”.

Durante a sua permanência nos campos de extermínio, conseguiu anotar os nomes de criminosos nazis que participaram do genocídio. Uma vez libertado, dedicou-se exclusivamente a levá-los à justiça.

O Centro Simon Wiesenthal, fundado em 1977, perpetua, juntamente com o Museu da Tolerância, a memória do Holocausto.

Com escritórios em todo o mundo, o Centro Wiesenthal continua a luta contra o antisemitismo.

“Recebi muitas distinções durante a minha vida”, afirmou um dia Wiesenthal. “Quando morrer, essas distinções vão morrer comigo. Mas o Centro Simon Wiesenthal vai permanecer como o meu legado”.

“Representante das vítimas”

“Simon Wiesenthal foi a consciência do Holocausto”, afirmou o Rabi Marvin Hier, no comunicado.

“Quando o Holocausto acabou, em 1945, e todo o mundo regressou a casa para esquecê-lo, só ele ficou para o lembrar. Ele não esqueceu. Tornou-se no representante permanente das vítimas, determinado em levar à justiça os que cometeram o maior crime da história”, continua.

“Não houve nenhuma conferência de imprensa, nem nenhum Presidente ou primeiro-ministro ou dirigente mundial o nomeou para tal cargo. Ele simplesmente o assumiu. Era a tarefa que mais ninguém queria desempenhar”, acrescenta.

Pedro Rios
Foto: Jim Mendenhall/Centro Simon Wiesenthal