O Presidente da República, Jorge Sampaio, afirmou hoje, quinta-feira, que “é essencial prosseguir na busca de maior equidade e no combate à evasão fiscal” de modo a que o Estado se torne mais eficaz e eficiente “em todas as suas funções”.

Num discurso feito na sessão de abertura do I Congresso Nacional dos Economistas, que decorre até sábado, na Alfândega, no Porto, Sampaio reforçou as ideias expressas pelo primeiro-ministro José Sócrates ontem no Dia da Competitividade.

O Presidente da República considerou que “a qualidade dos factores produtivos” é o maior dos problemas com que o país se defronta a nível económico. E frisou que “a qualificação dos portugueses, a todos os níveis, onde quer que actuem, empresários e trabalhadores, quadros e gestores, é absolutamente indispensável para acelerar os processos de inovação e a sua difusão”.

Jorge Sampaio considerou, também, que muitas vezes gasta-se mais tempo a discutir “as consequências do que as causas, o curto prazo do que o longo prazo”, o que leva a que se troque “o estudo e a reflexão pelo sensacionalismo mediático e pela entronização de algumas ideias, feitas de meias verdades, pouco rigorosas, mas convenientes em função de flutuações políticas conjunturais e do imediatismo da informação”.

Perante uma plateia onde se incluíam figuras como o ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva e actual presidente da Agência Portuguesa de Investimento, Miguel Cadilhe, o bastonário da Ordem dos Advogados, Rogério Alves, e o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, o Chefe de Estado referiu ainda que existe uma “necessidade de dotar de sentido estratégico as discussões e opções, por exemplo, em torno das infra-estruturas físicas”. E lembrou que isso nem sempre tem acontecido, numa aparente alusão aos projectos do aeroporto da Ota e o TGV.

Primeira conferência anual de economistas debate Orçamento

“Mais do que equacionar ou diagnosticar, o momento no país é o de decidir e fazer”, afirmou o bastonário da Ordem dos Economistas, Francisco Murteira Nabo, que discursou antes de Sampaio.

O bastonário referiu que os economistas têm que se mostrar disponíveis para o processo de retoma económica do país.

Relembrando que o congresso se realiza uma semana depois da apresentação do Orçamento de Estado para 2006, Murteira Nabo anunciou que no dia 22 de Novembro a Ordem dos Economistas vai realizar a sua primeira conferência anual na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, subordinada ao tema do Orçamento de Estado.

O bastonário afirmou que os economistas têm que contribuir para “mudar a fase autofágica em que o país está”. “Chega de diagnósticos”, exclamou. “Vamos procurar aplicar e executar”.

Tiago Dias
Foto: Rita Braga