Mais de 1.400 viaturas foram incendiadas na décima primeira noite consecutiva dos distúrbios, que se iniciaram nos arredores de Paris a 27 de Outubro e que entretanto se alastraram a todo o território francês. É o recorde de viaturas incendiadas desde o início dos tumultos.

De acordo com um balanço das autoridades policiais francesas, na última noite, para além do elevado número de veículos carbonizados, foram efectuadas 395 detenções.

Os motins registados na última noite causaram ainda 34 feridos entre os elementos da polícia.

Os distúrbios tiveram início a 27 de Outubro na sequência da morte de dois jovens filhos de pais imigrantes em Seine-Saint-Dennis, nos arredores do norte de Paris. Os dois adolescentes, que alegadamente fugiam da polícia, morreram electrocutados quando se tentavam esconder.

O aumento da violência surgiu como desafio ao aviso feito pelo presidente Jacques Chirac que prometeu controlar os elementos que despoletam os distúrbios.

Prioridade absoluta para restabelecimento da segurança

No passado domingo, após uma reunião de emergência com os principais elementos do seu gabinete, Chirac, num discurso à nação, referiu que a “prioridade absoluta é restabelecer a segurança e a ordem pública”.

“A lei deve ter a última palavra e a república está determinada a ser mais forte do que aqueles que estão a espalhar a violência e o medo. Essas pessoas serão detidas, julgadas e punidas”, salientou o presidente francês, acrescentando que quer enfrentar aquilo que alguns observadores identificam estar na origem dos motins – a taxa de 50% de desemprego entre os jovens imigrantes pobres e a discriminação de que estão a ser alvo.

O primeiro-ministro Dominique de Villepin prometeu também agilizar os julgamentos dos desordeiros e aumentar a segurança durante o pior levantamento civil francês da última década.

Pedro Sales Dias
Foto: Getty Images