Os protestos contra o projecto de requalificação dos Aliados, saído da pena dos arquitectos Álvaro Siza e Eduardo Souto Moura e encomendado pela Metro do Porto, tiveram hoje o seu ponto alto, numa manifestação à volta da Estátua de D. Pedro.

Na manhã de sábado, segundo a organização do protesto, foram quase duzentos os manifestantes que protestaram na Avenida dos Aliados, no Porto. Trouxeram faixas onde se podiam ler frases a pedir a consulta pública imediatamente, ou outras a pedir para não deixarem destruir o “coração da cidade”.

À volta da estátua estavam expostas fotografias da Avenida dos Aliados desde o seu surgimento, até pouco antes do começo das obras da Metro do Porto. Estavam também montados, em formas de caixões funerários que simbolizava o futuro da avenida, pontos de recolha de assinatura a favor da causa dos protestos.

Património da cidade

No comunicado de imprensa, distribuído no local, as associações dizem que os Aliados “estão em vias de serem classificados pelo IPPAR”. Por isso, defendem, “o espaço faz parte da memória colectiva da cidade e merece ser recuperado”. O mesmo comunicado ataca o presidente da Câmara, Rui Rio, acusando-o nesta matéria de ir contra o seu grande princípio político: a transparência.

“A Metro e a Câmara não nos dão ouvidos”

“A surdez da Metro e da Câmara, em relação às nossas razões, dá-nos força para continuar os protestos”, afirmou ao JPN Paulo Araújo, um dos organizadores do protesto.

O porta-voz dos movimentos cívicos acusou as duas entidades públicas de má educação por não ouvirem as razões dos movimentos que se opõem ao projecto de Siza e Souto Moura. Frisou, ainda, que os cidadãos do Porto têm o direito de serem ouvidos.

Apoio de figuras públicas

Várias figuras públicas juntaram-se aos protestos. Entre estes estiveram presentes Rui Reininho, vocalista dos GNR, Braga da Cruz, deputado do PS pelo círculo do Porto, e a arquitecta paisagista Teresa Andresen, entre outras personalidades da cidade.

Texto e foto: Duarte Sousadias