Mais de metade dos 19 hospitais públicos e privados, analisados pela DECO entre Janeiro e Abril deste ano, tem quantidades de microrganismos, fungos e leveduras superiores às recomendações da OMS.

O ministro da Saúde, Correia de Campos, reconheceu que o controlo das infecções é “insuficiente” e defendeu que este tema tem de ser tratado como um assunto “prioritário”. O ministro enalteceu a acção da DECO, mas desconhece para já o conteúdo do estudo.

Das unidades de saúde analisadas pela associação de defesa do consumidor, o Hospital Pediátrico de Coimbra, Capuchos, São José, Curry Cabral, Egas Moniz e Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, São Teotónio (Viseu), Espírito Santo (Évora), Infante Dom Pedro (Aveiro) e São João de Deus (Montemor-o-Novo) foram os que apresentaram valores acima dos recomendados pela OMS.

As unidades hospitalares apresentavam quantidades de microrganismos acima de 500 unidades formadoras de colónias por metro cúbico (ufc/m3), o valor máximo defendido pela OMS para o ar interior dos edifícios. O valor mais elevado registou-se no Hospital Egas Moniz (920 ufc/m3).

A DECO detectou ainda fungos e leveduras acima do recomendado pela OMS (300 ufc/m3) em quatro hospitais: Egas Moniz, SAMS, Hospital de Jesus (Lisboa) e a Maternidade Bissaya Barreto (Coimbra).

Os resultados do estudo serão publicados na edição de Dezembro/Janeiro da revista “Teste Saúde”, da responsabilidade da DECO Proteste.

“Situação normal”

A DECO recolheu amostras de ar entre Janeiro e Abril deste ano em enfermarias, corredores, urgências e salas de espera de dezanove hospitais. A associação contactou cerca de quarenta unidades hospitalares.

As infecções mais comuns são as da ferida cirúrgica, vias urinárias e respiratórias (pneumonias). Os pacientes mais afectados, como idosos e recém-nascidos, são os mais sensíveis, informa a DECO.

Em Portugal, um em cada 10 doentes internados é afectado por uma infecção. Apenas um terço das infecções é evitável. A maioria é conhecida e tem cura.

O director da revista Proteste, Pedro Moreira, esclareceu ao JPN que “esta é uma situação normal” e que “a existência de infecções hospitalares é quase inevitável”.

O que a DECO pretende com o estudo é que “se façam medições e se implementem planos regulares para que a qualidade do ar nas unidades hospitalares melhore”, referiu Pedro Moreira.

Neste momento, há um vazio legal relativamente ao controlo regular da qualidade do ar em espaços públicos.

Luis André Florindo
Foto: SXC