Alberto Amaral considera que as três medidas anunciadas pelo Governo ontem, segunda-feira, que vão pôr em prática a avaliação internacional do ensino superior, prevista desde 1994, podem ser positivas. Contudo, o director do Centro de Investigação de Políticas no Ensino Superior (CIPES) sublinha que não se tratam realmente de “novas regras” na avaliação das univerdidades e politécnico, como tem sido referido.

Alberto Amaral“O Governo procurou uma maior internacionalização do sistema de ensino superior português”, diz ao JPN. Para isso, o sistema de avaliação das instituições portugueses será analisado. “É independente, autónomo, produz resultados?”, exemplifica Amaral, que faz parte do painel de avaliação da Associação das Universidades Europeias (EUA, sigla do nome em inglês).

Há 11 anos que a EUA faz auditorias às universidades que se voluntariem. Oito instituições portuguesas (as universidades públicas do Minho, Aveiro, Porto, Lisboa, Técnica de Lisboa, Nova de Lisboa e Algarve, além da Católica) submeteram-se, em anos anteriores e a expensas próprias, a este programa da EUA.

O director do CIPES dá o exemplo da Universidade do Porto (UP), da qual já foi reitor: o relatório da EUA entregue à UP foi “extremamente útil” para a universidade. O despacho governamental garante apoio financeiro a este tipo de avaliação.

Avaliação internacional é mais isenta

Alberto Amaral aplaude a participação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) na avaliação das universidades e politécnicos portugueses. “A OCDE tem imensa experiência nestas coisas. São os mais idóneos”, defende, sublinhando a independência própria das organizações internacionais.

Amaral partilha assim a posição manifestada ontem, segunda-feira, pelo presidente do Conselho Nacional de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), Lopes da Silva, que sustenta que a acção de organizações internacionais é necessária.

O presidente do CIPES espera que esta nova avaliação, “sistémica” e não da qualidade de cada curso, que já existe, possa “legitimar” intervenções do Governo na racionalização do sistema. “Não faço futurologia”, diz. Contudo, reconhece que “o sistema está mal”. Há 162 instituições de ensino superior, um número desajustado às necessidades do país, defende Alberto Amaral.

O especialista afirma que a avaliação aos cursos portugueses não produziu resultados, pelo que a “avaliação sistémica” da OCDE pode ser fundamental. “Até agora não aconteceu nada de visível. Não sei porquê”, diz.

Pedro Rios
Fotos: SXC
CIPES