O Presidente israelita, Moshe Katzav, aprovou ontem, terça-feira, a data de 28 de Março do próximo ano para a realização das eleições legislativas em Israel, depois do porta-voz do Knesset (Parlamento), Reuven Rivlin, ter garantido ontem à noite que a data é viável para o acto eleitoral.

De acordo com várias sondagens publicadas na imprensa israelita na terça-feira, se as eleições fossem esta semana, seriam vencidas pelo novo partido do ainda primeiro-ministro, Ariel Sharon, com o nome provisório de “Responsabilidade Nacional”, seguindo-se o Partido Trabalhista e, em terceiro lugar, o Likud, ainda sem líder depois da saída de Sharon e com sete candidatos à liderança.

As sondagens apontam para uma vitória do partido “Responsabilidade Nacional” com 28 lugares num total de 120. Num sistema político como é o israelita, isto significa que Sharon terá de se coligar, provavelmente à esquerda com os trabalhistas liderados por Amir Peretz.

O professor da Universidade de Ben-Gurion, Joel Peters, especialista em questões de política interna israelita e no conflito israelo-palestiniano, afirma que a criação do novo partido por Sharon “pode simbolizar o realinhamento da política israelita que já há tanto tempo tem sido previsto”.

“Tudo vai depender de quem se juntar ao novo partido e de quantas pessoas vão abandonar o partido Trabalhista”, esclarece ao JPN. O diário israelita “Haaretz” revelava hoje que uma das principais figuras trabalhistas, Haim Ramon, saiu do partido de Peretz, para se juntar a Sharon.

O futuro do conflito israelo-palestiniano

Em caso de vitória do novo partido de Ariel Sharon não é, ainda, certo que signifique que se façam progressos no conflito israelo-palestiniano. O actual primeiro-ministro garante que pretende seguir o mapa criado pelo Quarteto (ONU, União Europeia, EUA e Rússia), que culmina com a criação de um Estado palestiniano.

Joel Peters frisa que para a existência de um Estado palestiniano é necessária a retirada dos colonatos da Cisjordânia, mas que Sharon nunca aceitará uma retirada para as fronteiras de 1967, antes da Guerra dos Seis Dias, quando Israel conquistou a Faixa de Gaza, a Península do Sinai, a Cisjordânia e os Montes Golãs.

Tiago Dias
Fotos: Wikipedia/BGU