Quais são as linhas mestras do seu programa?

Um forte investimento na política educativa, nomeadamente defendendo a questão da acção social com mais pungência; a avaliação das instituições; os modelos de transição para Bolonha, que têm sido algo esquecidos; a regularização fiscal; a consolidação da aposta desportiva, que foi iniciada este ano e que reordenou todos os modelos desportivos da academia e que se pretende consolidar com a criação de novas modalidades; e fazer uma abertura à questão cultural que tem sido um bocado esquecida pela FAP.

Como membro da actual direcção, assume-se como um candidato de continuidade?

É uma continuidade de ideias e na postura construtiva e séria que a FAP tem tido nos últimos anos. Não somos uma candidatura de sistema. Aliás, a nossa lista é criticada porque não fez as coisas conforme o sistema exigia que se fizessem.

Que mudança foi essa?

A forma como normalmente se concebem listas tem a ver com o peso de algumas associações e com ir buscar pessoas em função das associações de estudantes das quais são provenientes, o que pode ser distante das questões de mérito. Este ano decidimos fazer a lista com base no mérito pessoal e no contributo já dado ao associativismo. A direcção é uma lista de indivíduos e não de associações. O sistema indica que deve ser tido em consideração as associações por questões de peso eleitoral e arquitecturas consensuais.

Francisco Vieira defende a revisão dos estatutos da FAP. Segundo o seu adversário, são os estatutos que justificam o facto de em 16 anos ter havido apenas uma lista a concorrer.

A questão dos estatutos é falaciosa. Sempre permitiram que existisse duas listas, mas o que foi feito era uma arquitectura consensual em que, com base nesta forma de fazer listas, se conseguia criar apenas uma lista. Este ano houve a opção de não ceder algumas posições e optar por uma lista com base no mérito pessoal. A imagem que se transmitia é que era uma sucessão. Assim acaba-se com o estigma que não dá para fazer mais do que uma lista.

Defende, então, que os estatutos não devem ser revistos?

Os estatutos como estão, da mesma forma que garantem hoje a existência de duas, três, quatro listas, sempre garantiram. Nunca existiu [mais do que uma lista] porque foi feita a arquitectura consensual de que falei. O facto de a outra lista se candidatar é a primeira prova de que não se precisaria de candidatar porque eles dizem que se candidatam para democratizar. Os estatutos dizem que é necessária a credenciação de cada candidato e que cada lista não pode repetir associações [em termos da proveniência dos membros da direcção]. É um “sistema” que é criado [pela lista adversária] com base naquilo que não é dito.

Pedro Esteves apostou numa postura dialogante em termos dos temas de política educativa. Deu os seus frutos?

Teve vantagens porque conseguiu-se garantir um estudo sobre insucesso escolar na academia do Porto que é coordenado pela FAP. Foi garantido que na revisão do Estatuto da Carreira Docente vai ser em tida em conta para a progressão na carreira a capacidade pedagógica dos docentes. Também garantimos o alargamento da acção social aos alunos do [ensino] privado e concordatário. A FAP tem uma postura construtiva, com propostas concretas. Tem colhido bastantes frutos.

Daí não terem participado na manifestação convocada pela Associação Académica de Coimbra?

Esta lista não nega qualquer medida de luta. Não estivemos na manifestação porque a forma recorrente como têm surgido manifestações com calendário marcado, apresentadas sempre pelas mesmas estruturas, muitas vezes misturadas com alguns interesses menos associativos e menos estudantis, faz perder o peso social que as manifestações tinham.

Que consequências poderá ter esse estudo sobre o insucesso escolar?

Se o insucesso escolar depender da propina, a bandeira da FAP tem que ser repensar o valor da propina ou repensar o sistema da acção social todo, que continua a não fazer face aos problemas de falta de democraticidade do ensino superior. Se o problema tiver a ver com a incapacidade pedagógica dos docentes, tem que ser defendida a bandeira da repercussão da avaliação pedagógica na evolução da carreira docente e [a existência] de cursos, acções de formação e reciclagem pedagógica.

Texto e foto: Pedro Rios