Estudou Direito e acabou por se tornar fotógrafo, e foi assim que percorreu os “caminhos de D. Quixote”, reunindo aquilo que viriam a ser os registos que compõem este “La Mancha 1965”.
No entanto, ao longo desse caminho, Xosé Suárez disse ter encontrado, apenas, o Sancho Pança. E é essa descoberta que estará reunida, a partir de amanhã, sábado, no Centro Português de Fotografia, no Porto, a partir das 17h00.
Preto e branco do inconformismo
O trabalho, composto por imagens a preto e branco, resulta das diversas experiências que Suárez acumulou ao longo das muitas viagens que fez entre três continentes – Europa, Ásia e América do Sul -, em parte por conta de incompatibilidades políticas (Suárez sai de Espanha quando Franco toma as rédeas do poder).
Notório é, também, o inconformismo provocado pela estagnação do interior espanhol em meados do século passado.
Xosé Suárez nasceu no início do século passado, em 1902. Conheceu o filósofo e escritor Miguel de Unamuno (1864-1936) e o ensaísta José Ortega Y Gasset (1883–1955) quando estudava Direito na Universidade de Salamanca. Estes dois vultos da cultura espanhola seriam determinantes para a consolidação do espiríto liberal do futuro fotógrafo.
Suárez exercerá advocacia, mas por pouco tempo. Opta por dedicar-se à fotografia e à realização de documentários etnográficos, e é o próprio Unamuno quem prefacia o primeiro livro com fotografias da sua autoria, “50 Fotografias de Salamanca”.
A filmagem do documentário “Marinheiros” é interrompida pelo início da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), que o força a exilar-se na Argentina. Aí, prossegue com a fotografia e retoma a produção de documentários. É lá, aliás, que termina “Marinheiros”.
A subida do ditador Francisco Franco ao poder mantém Suárez afastado de Espanha: vai viver para o Uruguai e, depois de 1953, fica-se pelo Japão. Vai à Galiza em 1959, mas regressa de imediato ao território nipónico.
Produzida pelo Instituto Cervantes, em Lisboa, “La Mancha 1965” estará patente até 19 de Fevereiro.