A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) continua à espera de uma decisão do Governo para arrancar com as obras de recuperação do novo edifício. O director da faculdade, José Amarante, ameaça demitir-se do cargo se a resposta tardar, porque não pactua com “falsas promessas”.

Em declarações ao JPN, José Amarante recorda que em 2001 foi assinado um contrato-programa com o governo de António Guterres com vista à ampliação das instalações para um edifício com cerca de 19 mil metros quadrados. “Há três entidades que têm a obrigação de cumprir: a reitoria e os ministérios do Ensino Superior e da Saúde. Se falham o compromisso, bato com a porta”, afirma. O projecto prevê a construção de um edifício de cerca de 17 mil metros quadrados.

No entanto, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior não tem verbas disponíveis para arrancar com o projecto, tal como confidenciou o ministro Mariano Gago ao director da FMUP. Algo que José Amarante considera “inacreditável uma vez que foram canalizadas verbas muito superiores para as faculdades de Engenharia ou de Direito [da Universidade do Porto]”.

Para além disso, o responsável diz não compreender os cortes que foram feitos no PIDDAC para os investimentos na Universidade do Porto, e em particular na Faculdade de Medicina. “Há aqui uma tentativa de aniquilar a faculdade. Este ano, licenciámos 180 alunos e acreditámos mais 50 novosmédicos. Devia haver mais respeito”, reclama.

Para desbloquear esta situação, José Amarante compromete-se a pedir um empréstimo à banca, mas só se a reitoria da Universidade do Porto o aceitar. “Durante o meu mandato, a faculdade conseguiu disponibilizar algumas verbas para o projecto. Mas não chegam”, sublinha.

O director da FMUP continua “pacientemente à espera”, mas lembra que durante os 45 anos de existência das instalações não foram feitos quaisquer investimentos em instalações.

José Amarante sublinha ainda que a FMUP “é a [faculdade] mais procurada pelos alunos”. “Fomos avaliados por várias entidades nacionais e internacionais sempre com resultados de grande qualidade”, afirma, considerando “gritante a diferença de valor atribuído à Faculdade de Medicina de Lisboa comparativamente com a do Porto”.

João Queiroz
Foto: FMUP