O Presidente francês, Jacques Chirac, apelou hoje, sexta-feira, para a abertura de negociações “o mais rapidamente possível” entre o Governo francês, estudantes e sindicatos.
Os estudantes franceses estão em luta contra a nova política de emprego do governo de Dominique de Villepin, o Contrato de Primeiro Emprego (CPE). O diploma permite às empresas recrutar jovens licenciados e submetê-los a contratos a prazo de dois anos. Neste período, os jovens podem ser despedidos sem justa causa.
O dia de ontem, quinta-feira, ficou marcado pelas manifestações de milhares de jovens, entre 165 mil, de acordo com o Ministério do Interior, e 370 mil, segundo os organizadores, um pouco por todo o país.
Os protestos mais violentos ocorreram em Paris, ao início da noite, onde os confrontos entre os jovens e a polícia resultaram em 110 feridos.
Ao longo do dia de ontem multiplicaram-se as manifestações de rua, em cidades como Paris, Lyon ou Toulouse. Algumas universidades estão encerradas, como a histórica Sorbonne, e outras vêem alterado o seu funcionamento regular.
Em declarações ao JPN, Rute Barbedo, estudante portuguesa em Paris, afirma que toda a população tem participado nas acções de rua. “Para além de muitas assembleias e sessões de esclarecimento nas várias universidades, a população, pessoas de todas as idades, tem ido para as ruas. Os professores também estão contra o CPE”, refere a estudante portuguesa.
Rute Barbedo esteve presente numa das manifestações de Paris. A estudante participou numa “manifestação com vários cartazes de protesto, frases e gritos de megafones”. “Os estudantes foram obrigados a desfazer o seu grupo em unidades menores que se dispersaram pelas ruas de Paris. Isto deveu-se aos confrontos com a polícia”, recorda a estudante portuguesa.
Para amanhã está marcada uma nova manifestação, que tem sido alvo de grande promoção entre os estudantes. A União dos Estudantes Franceses, sindicatos e forças políticas (entidades envolvidas no protesto marcado para amanhã) esperam reunir um milhão de pessoas nas ruas.
Este é o primeiro grande desafio político para o primeiro-ministro Dominique de Villepin. De acordo com uma sondagem do jornal francês “Le Parisien”, mais de dois terços dos franceses estão contra a medida do governo. Villepin é uma das apostas da direita francesa para suceder a Jacques Chirac na presidência.
