“Se a alteração dos estatutos não for aprovada no congresso do Pavilhão Atlântico, a imagem do PSD vai ficar debilitada junto dos portugueses”, salienta Agostinho Branquinho.

O recém-eleito presidente distrital do PSD no Porto admite que “o partido tem uma oportunidade para se credibilizar”. O deputado ‘laranja’, Hermínio Loureiro, salienta a importância do congresso a realizar sexta-feira e sábado, em Lisboa, e admite que o partido não tem alternativa senão aprovar a revisão dos estatutos. “Os portugueses não iriam compreender se congressistas não aprovassem as alterações”, garante.

Em declarações ao JPN, as duas figuras do partido social-democrata sublinham que a revisão estatutária está praticamente garantida. Uma das principais alterações que estão em cima da mesa passam pela eleição do presidente do partido por sufrágio directo, bem como da equipa que o acompanha à frente do PSD. Hermínio Loureiro acredita que esta alteração “vai estimular a participação dos militantes nos actos eleitorais e atribuir uma maior responsabilidade aos eleitos pela nova via”. No entanto, “o partido já teve grandes presidentes eleitos segundo os actuais estatutos”, sublinha.

Liderança de Mendes não está em causa

O congresso no Pavilhão Atlântico é o cumprimento de uma promessa de Marques Mendes aquando da sua eleição no Congresso de Pombal. Na altura, o líder demonstrou interesse em promover a alteração dos estatutos do partido. Uma ideia defendida há algum tempo por outros elementos da “máquina laranja”, entre os quais, Santana Lopes que, na altura, contou com a oposição de Marques Mendes nesta matéria.

Agostinho Branquinho diz que “a posição do líder não está em discussão neste congresso e só poderá ser discutida depois da revisão dos estatutos”. Já Hermínio Loureiro diz que “o líder do PSD apenas está a cumprir uma promessa eleitoral”. Apesar de estar confiante na aprovação dos estatutos, o deputado afirma que “os congressos do PSD são sempre uma caixinha de surpresas”.

“Directas” e algo mais

Eram muitas as divergências entre as sete propostas de alteração dos estatutos em discussão. No entanto, os militantes chegaram, ontem, a um consenso, nomeadamente, na questão das eleições directas. Só a mesa do congresso, o conselho nacional e o conselho de jurisdição nacional continuam a ser eleitos de forma indirecta em congresso.

A grande voz discordante desta revisão estatutária está presente na Juventude Social Democrata (JSD). Das sete propostas em cima da mesa apenas a da JSD não defende as directas, já que a Juventude não prevê esse tipo de eleição.

Também em discussão vão estar, entre outros pontos, a criação de um conselho estratégico ou a revisão das regras relativas às incompatibilidades.

O conselho estratégico será um órgão consultivo que vai funcionar junto do presidente e aconselhá-lo sobre as grandes questões nacionais. Hermínio Loureiro diz que esta “inovação” no partido “vai alargar base de apoio à estrutura ‘laranja'”. “O novo órgão promete ir ao encontro dos portugueses, e não só os militantes”, sublinha.

O secretário do partido não vai poder acumular a sua função com um lugar no governo, segundo outro dos pontos em discussão. Quanto aos militantes que se candidatarem em listas opostas às do partido, vão ser expulsos do partido por um período de oito anos. Durante o período da sanção não se podem reinscrever no partido, nem candidatar em listas do PSD.

Ivo Adão
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