Vários especialistas nacionais e europeus deslocaram-se à Faculdade de Egenharia da Universidade do Porto (FEUP) para debater o tema dos transportes colectivos ou individuais de passageiros, a sua sustentabilidade económica e ambiental e a pertinência de uma politica de mobilidade flexível, complementar e ordenada.

Depois da apresentação de alguns modelos, nomeadamente do modelo finlandês de reconhecido sucesso a nível internacional, foi a vez de várias empresas nacionais apresentarem as suas propostas e dúvidas.

De acordo com o director geral da Direcção Geral de Transportes Terrestres e Fluviais (DGTTF), Ferreira da Cunha, “a DGTTF está disponível para discutir a apresentar ao Governo propostas sustentáveis e viáveis para a implementação de um Sistema de Transportes Flexíveis em algumas cidades de Portugal. O papel da DGTTF é o de acolher e divulgar as experiências conhecidas e dar o apoio necessário a futuras experiências-piloto”.

Por sua vez a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino (na foto), reconheceu que em Portugal ainda não existe um plano ordenado de transportes flexíveis e que este sistema “apesar da sua difícil implementação, por não pertencer à cultura quotidiana dos portugueses, poderá vir a ser uma mais-valia para as áreas metropolitanas, mas sobretudo para as cidades, vilas ou aldeias que não disponham de uma rede de transportes públicos razoável”.

Ana Paula Vitorino vincou que é necessário encontrar soluções que sejam sustentáveis. “Quanto à sustentabilidade financeira, o Governo não pode pagar os transportes flexíveis, ou pelo menos, não pode ter este encargo nos moldes em que já tem o encargo dos transportes públicos normais”.

”Existe uma rede viária que é suportada pelo sector imobiliário, porque é que uma nova urbanização pode pagar a rotunda ou o parque de estacionamento que vai beneficiar a área envolvente à sua residência, mas não pode custear um sistema de transportes?”, exemplificou Ana Paula Vitorino.

Por fim, a secretária de Estado deixou a promessa de promover, em conjunto com outras entidades, uma experiência-piloto em Portugal já que a sua pertinência e necessidade é “evidente e inevitável” a curto prazo.

“É minha intenção promover uma experiência enquadrada na legislação que está a ser montada para este sistema em particular. Mas essa experiência terá de ser feita no âmbito dos ministérios dos Transportes, das obras Públicas e do Ordenamento do Território, bem como de outras entidades”, garantiu Ana Paula Vitorino.

Transportes rápidos e cómodos

Os Sistemas de Transportes Flexíveis (STF), conhecidos a nível internacional pela designação DRT – “Demand Responsive Transport”, têm características de frequência e preço para o utente que os permita situar entre os transportes públicos regulares, com horários, percursos e paragens definidos, e os transportes de aluguer flexíveis, como os táxis.

A função dos STF é complementar o serviço oferecido pelos transportes públicos regulares e pelos transportes de aluguer flexíveis, constituindo um transporte de grupo a preço intermédio.

Neste tipo de transportes, os utentes gozam de alguma flexibilidade de horário e de local de entrada, uma vez que os pedidos são agrupados de acordo com as origens e destinos pretendidos, por forma a rentabilizar o serviço e servir, rápida e comodamente, o consumidor.

Texto e foto: Paula Teixeira