CGTP e UGT são unânimes na visão que possuem dos protestos que, nas últimas semanas, vêm decorrendo em França. Os dois sindicatos manifestam apreensão face ao desenrolar da situação francesa, sobretudo no que diz respeito à intransigência do governo de Dominique de Villepin em retirar o polémico Contrato de Primeiro Emprego (CPE).

Em declarações ao JPN, Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, considera que as greves do dia de hoje, terça-feira, são “um sinal forte de reacção contra a precariedade do emprego, que já se perspectivava há algum tempo”.
“É com alegria que vemos esta movimentação contra os factores que estão por detrás da precariedade no emprego”, afirma o sindicalista.

Carvalho da Silva mostra-se preocupado com a tendência que se verifica a nível europeu da flexibilização do emprego jovem. Para o secretário-geral da CGTP, “os jovens à procura do primeiro emprego podem ser, à luz da lei, colocados em trabalho precário, independentemente da actividade que desempenham”.

A UGT acompanha também “com apreensão” a “evolução da situação social em França, nomeadamente, o conteúdo da proposta laboral apresentada pelo governo francês”, afirma ao JPN, João Dias da Silva, presidente da união sindical. “Temos assistido a uma muito fraca receptividade do governo [francês] para ter em linha de conta as propostas sindicais”, realça.

Os dois dirigentes sindicais estão também de acordo no que diz respeito ao relançamento do debate em torno do Código do Trabalho a nível nacional.

João Dias da Silva espera pelo Livro Verde do Código do Trabalho Português, que vai permitir uma discussão alargada sobre as questões laborais. O Livro Verde “é mais um instrumento de discussão” e com base nele “podemos encontrar reformulações da lei que permitam que o Código de Trabalho se torne uma normativa na qual todos os parceiros sociais se revejam”, afirma o presidente da UGT.

“Em Portugal e noutros países estão a constituir-se fortes sinais de alerta” contra a precariedade no trabalho, sinais esses “que vão despoletar novos factores de protesto em mais países”, considera Carvalho da Silva, da CGTP.

Ricardo Bastos
Foto: Carina Branco (em Nimes, França)