Mais de 280 organizações não governamentais de 29 países europeus criaram uma página na Internet para ajudar a lutar contra o desaparecimento e abuso sexual de crianças. O projecto, financiado pela União Europeia, é representado em Portugal pelo Instituto de Apoio à Criança (IAC).

O “Childoscope” tem origens no Directório Interactivo Europeu, iniciado em 2003. Agora transformado numa plataforma, surgiu na sequência de uma iniciativa do Conselho da União Europeia, que nos últimos anos aponta a luta contra o desaparecimento e exploração sexual das crianças como uma prioridade.

Com a criação deste “site”, os 29 países europeus passam a conseguir partilhar informação e comunicação sobre as crianças desaparecidas e exploradas sexualmente em tempo real.

A coordenadora do serviço em Portugal, Alexandra Simões, explicou ao JPN como vai funcionar o projecto europeu. “A coordenação é feita a nível nacional por uma entidade eleita para coordenar a actualização do ‘site’. Em cada um dos 29 países existe uma entidade, uma organização não governamental (ONG) – no caso de Portugal o IAC -, a quem compete gerir e actualizar a informação que está disponível no ‘Childoscope'”.

“A ideia do directório é antes de mais pôr em prática a directiva europeia no combate às crianças desaparecidas e abusadas sexualmente, promovendo medidas legais, e sobretudo, através do conhecimento real da situação”, disse.

A nível europeu e dentro deste âmbito foi também implementado o programa Daphne II, que prevê um orçamento de 50 milhões de euros a distribuir pelas diversas instituições europeias que combatem a violência infantil.

Metade das crianças desaparecidas são encontradas

De acordo com o IAC, que mantém a linha S.O.S. Criança, em 2005 desapareceram 48 crianças e jovens – 23 do sexo masculino e 25 do sexo feminino. Como diz a coordenadora, cerca de 50% das denúncias são bem sucedidas, ou seja, encontram-se, por regra, metade das crianças.

“O desaparecimento envolve vários conceitos, sendo os mais frequentes o rapto parental e as fugas”, diz Alexandra Simões. Mas, diz a coordenadora do projecto, “a maioria dos casos de desaparecimento de crianças está infelizmente muito associado à exploração sexual”.

Alexandra Simões diz também que as denúncias “não são apenas feitas pelos pais, muitas vezes são os padrinhos ou familiares muito próximos da criança”. As escolas tomam também, por vezes, parte no processo de denúncia.

Rita Pinheiro Braga
Foto: SXC