O Hospital de Santo António, no Porto, ofereceu hoje, quarta-feira, rastreios gratuitos à voz. A iniciativa surge no âmbito do Dia Mundial da Voz, que se comemorou domingo. Amanhã, o Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, também promove rastreios grátis da voz.

A iniciativa pretende fazer um diagnóstico precoce e alertar as pessoas para a importância da voz, o principal elemento de comunicação.

Cecíla Almeida e Sousa, directora do serviço de Otorrinolaringologia, considera o rastreio “importantíssimo” e lamentou que “a maioria das vezes as pessoas só vão ao médico quando já têm rouquidão, mas muitas vezes nessa altura as lesões já estão instaladas”.

A responsável lembrou que antes de a situação se agravar “há um conjunto de sinais de alerta e nessa altura é que tem mais interesse vir ao médico” pois com o diagnóstico precoce e o tratamento em fase inicial os “resultados são muito melhores e mais económicos em termos de tempo e gastos”.

O tabaco, a exposição em ambientes poluídos, o álcool, as gorduras, café e bebidas com gás são os principais factores de risco para lesões graves da laringe. Falar em ambientes ruidosos e as doenças alérgicas também podem prejudicar o aparelho vocal.

O exame de rastreio é feito através de uma videolaringoestrogoscopia, com um laringoscópio rígido para observar a laringe e verificar se o número de vibrações que ocorrem nas cordas por segundo enquanto se fala está dentro dos parâmetros segundo o sexo e a idade da pessoa em causa.

No caso de o resultado do exame não ser favorável, é recomendada a higiene vocal (repouso, hidratação, hábitos alimentares moderados) e caso não se verifiquem melhoras será marcada uma consulta e mais tarde terapia da voz.

Vantagens de um diagnóstico precoce

O cancro da laringe é a doença mais grave que pode ocorrer no sistema vocal, mas, segundo a directora do serviço de Otorrinolaringologia, “pode ser detectado muito precocemente”. Quando isso acontece, “o tratamento resume-se a radioterapia e o doente continua com a sua laringe e a poder falar com qualidade de voz muito boa e muitas vezes nem se nota”, assegura Cecíla Almeida e Sousa.

Já quando as lesões são diagnosticadas numa fase tardia pode ter que ocorrer a amputação da laringe, em que os doentes têm depois que desenvolver a voz através do esófago. Esta situação é “incapacitante” do “ponto vista social” e “do ponto vista psicológico torna-se um problema grave e difícil de transpor, daí a importância dos rastreios”, alerta a otorrinolaringologista.

Paula Coutinho
Foto: Rita Pinheiro Braga