No ano lectivo de 2004/2005, 52 das universidades privadas receberam menos de 100 novos alunos e, em resultado dessa situação, 17 instituições já fecharam portas. O peso do sector privado diminuiu para menos de 25%, diz o esboço do relatório que vai servir como ponto de partida para o processo de avaliação do ensino superior a ser desenvolvido pela OCDE, avança hoje, terça-feira, o “Diário Económico”.

Só quatro em cada 10 vagas abertas no ensino superior privado são preenchidas, ou seja, cerca de 60% dos lugares no ensino privado ficam por ocupar, diz o relatório nacional elaborado pelo Governo.

Motivos da falta de alunos

As razões apontadas para a redução do número de alunos (só uma média de 37,5% das vagas são ocupadas) são um conjunto de factores como uma maior exigência no acesso à universidade, a diminuição do número de candidaturas e a abertura de mais vagas nas instituições públicas.

Também a aposta por parte dos privados nos chamados cursos sem saída é outro dos motivos salientados. O sector do ensino superior privado teve pouca atenção às transformações do mercado e não adequou o número de vagas disponibilizadas por cada curso à procura, diz o relatório. Há uma aposta em cursos de baixo custo, como os de educação, ciências sociais e direito, em detrimento das áreas de investigação e desenvolvimento.

As universidades Internacional, Moderna, Atlântica e Fernando Pessoa lideram a perda de alunos nos privados, uma queda que, segundo o documento do Governo, pode “ameaçar a sobrevivência das instituições e mesmo a sua futura acreditação”.

O JPN contactou a Associação Portuguesa de Ensino Superior Privado (APESP), que prepara uma posição oficial.

Inês Castanheira
Foto: SXC