O treinador vencedor do 21º campeonato do FC Porto chegou ao clube com um currículo despido de títulos. Co Adriaanse, 58 anos, era o líder para um FC Porto que se queria forte e dominador. A equipa procurava encontrar uma identidade, uma missão atribuída ao holandês.

Conhecido dos portugueses apenas pelo percurso na Taça UEFA enquanto treinador do AZ Alkmaar, aquando da eliminação sofrida pelo Sporting, Co Adriaanse treinou ainda clubes como o Willem II e o Ajax. O FC Porto foi a primeira equipa que orientou fora do seu país.

O seu perfil disciplinador era o indicado para organizar as “tropas” portistas mas algumas das suas decisões foram polémicas. O seu característico sistema de jogo foi muito criticado, sobretudo enquanto o FC Porto não convencia ao nível dos resultados. Co Adriaanse prefere jogar em 3-4-3 mas geralmente a equipa actua em 3-3-4.

O treinador operou uma verdadeira revolução na forma de jogar do FC Porto. O técnico holandês modificou três dos emblemas da equipa: deu a titularidade da baliza do Porto a Helton, deixando Baía no banco; o ex-capitão Jorge Costa acabou por abandonar o clube por ser a quinta opção para a defesa portista e Nuno Valente, “convidado” a optar entre o clube e a selecção nacional, rescindiu com o clube. Diego e Hélder Postiga foram também alvo da disciplina de Adriaanse, tendo sido preteridos nas opções do técnico.

Jogadores mal-amados pelos adeptos como Pepe ou Paulo Assunção começaram a ser titulares indiscutíveis e Adriaanse fez deles pedras fulcrais do FC Porto que viria a ser campeão. Ao holandês atribuiu-se ainda o mérito de lapidar diamantes em bruto como Quaresma ou Lucho González.

Mas nem tudo foi fácil na época de Co Adriaanse. O treinador teve de lidar com lenços brancos e duras críticas às suas escolhas. O momento mais dramático aconteceu após a empate com o Rio Ave em que o técnico foi vítima de uma emboscada e tentativa de agressão. Na altura, pensou-se que o incidente poderia levar à saída do treinador, mas Adriaanse manteve-se no comando “azul e branco”. Nessa altura, o clube entra em “blackout”.

Durante toda a época e mesmo nos momentos mais complicados, o treinador contou sempre com o apoio de Pinto da Costa. O presidente portista defendeu sempre o técnico holandês, nunca questionando o seu trabalho e a sua continuidade no clube.

A época do Dragão foi periclitante e nem sempre dominadora, como o clube sempre habituou os adeptos, mas o que é certo é que “os azuis e brancos” chegaram ao final da época com o título nas mãos, e um dos grandes responsáveis por isso foi Co Adriaanse.

Sónia Santos
Foto: FC Porto