A primeira mulher a chegar à presidência de um país latino-americano chama-se Michelle Bachelet e tomou posse no dia 11 de Março deste ano no Palacio de La Moneda na capital chilena, Santiago. Com 55 anos, Bachelet foi a escolhida pela coligação Concertación (que governa o país desde a queda da ditadura militar do general Pinochet em 1990) para o cargo de presidente.

De acordo com Andrés Malamud, analista político argentino, apesar de não se poder considerar como desenvolvido nenhum país da América Latina, o Chile é o que está mais perto de o ser. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 6% em 2005 e o PIB per capita é de 11,3 mil dólares, quase o dobro do venezuelano.

Apesar do desemprego atingir ainda 8% da população, há 18,2% dos chilenos a viver abaixo do limiar da pobreza. O que, comparando ao país mais pobre da região, a Bolívia, com 64% da população nessa situação, é surpreendente.

No que toca à composição do executivo chileno, Bachelet optou por dar metade das pastas a mulheres, algo também inédito e cumprindo assim uma promessa eleitoral. Com esta medida, o governo do Chile, num total de 20 membros, está igualmente dividido entre sexos.

O professor de política latino-americana Alan Angell afirma que há mais esquerda além da dos presidentes venezuelano, Hugo Chavez, e da do presidente boliviano, Evo Morales. Angell dá um exemplo relativo ao Chile: “todo o capital em excesso, vindo dos altos preços do cobre, reverte para um fundo de estabilização usado para programas sociais”.

“A outra história da esquerda” tem um exemplo “notável” no Chile, explica o académico de Oxford, que salienta o sucesso económico do país, um dos mais abertos à economia de mercado na América Latina.