Foi descoberto o enxame de galáxias mais distante de sempre. A equipa internacional de astrónomos inclui Pedro Viana, do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP).

A descoberta foi anunciada ontem, segunda-feira, no encontro da Sociedade Americana de Astrologia, que decorre em Calgary, no Canadá, e é resultado de uma investigação iniciada em 1999 sob a liderança de Kathy Romer, da University of Sussex, no Reino Unido.

Vai permitir estudar “com maior detalhe” o modo como o Universo, como um todo, e os seus objectos “têm evoluído no tempo”. E ajuda a confirmar a ideia de que a expansão do Universo continua a acelerar, ao contrário do que se chegou a pensar, explica Pedro Viana ao JPN.

O enxame XMMXCS 2215-1738 (na foto) aglomera milhares de galáxias embebidas num plasma que se encontra a uma temperatura superior a 10 milhões de graus. Nem todas as galáxias são visíveis devido à enorme distância a que o enxame se encontra – quase 10 mil milhões de anos-luz da Terra. Os astrónomos utilizaram observações obtidas com o satélite XMM-Newton da Agência Espacial Europeia.

Pedro Viana esclarece que para além de permitir “ver mais longe” (o “interesse mais óbvio”), a descoberta permite observar o Universo ainda jovem (com cerca de 4,5 mil milhões de anos), visto que quando quando se olha para um corpo celeste vê-se sempre como ele era há uma determinada quantidade de tempo atrás.

Quando observamos o Sol, por exemplo, vemos como ele era há oito minutos atrás. No caso do enxame de galáxias agora descoberto o que se observa é como ele era há 10 mil milhões de anos atrás.

“Esta estrutura existe numa altura em que o Universo possuía apenas um terço da sua idade actual, uns meros 4,5 milhões de anos após o Big Bang!”, explicou Bob Nichol da Universidade de Portsmouth, Inglaterra, no encontro da Sociedade Americana de Astrologia, citado em nota de imprensa do CAUP. “É raro encontrar um enxame de galáxias numa época tão recuada”, acrescenta Pedro Viana.

A equipa de investigadores quer agora encontrar mais enxames como o XMMXCS 2215-1738 para desenvolver um catálogo que permita conhecer melhor o Universo e a sua formação.

Pedro Rios
Foto: DR