Estimular a cooperação entre os investigadores portugueses em Portugal e no estrangeiro é o objectivo do quinto encontro do Fórum Internacional de Investigadores Portugueses (FIIP), que decorre na Biblioteca Almeida Garrett, entre 21 e 23 deste mês.

A anfitriã é a Universidade do Porto (UP), que sucede à Universidade de Coimbra, que acolheu o encontro em 2004, na co-organização do evento do FIIP, uma associação formada maioritariamente por investigadores portugueses no estrangeiro.

A biotecnologia, uma “área forte” no Porto, é o tema desta reunião. Trata-se de “uma área onde os progressos [a nível mundial] são estrondosos”, explica ao JPN Isabel Azevedo, professora na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e membro da comissão local de organização.

Nas intervenções dos 44 palestrantes confirmados, estarão, entre outros temas, os progressos na bioengenharia (regeneração de tecidos, transplantes, entre outros). A organização espera cerca de 150 participantes, alguns deles alunos da UP.

O encontro é uma “oportunidade” para os investigadores portugueses, a trabalhar em Portugal ou lá fora, trocarem impressões. Para Isabel Azevedo, os cientistas portugueses no estrangeiro “são excelentes âncoras da investigação portuguesa” e estas reuniões em solo nacional demonstram que “também podemos falar de ciência em português”.

“Em termos de informação, em Portugal está-se tão bem como noutro sítio qualquer. Os estudantes portugueses têm uma preparação nada inferior e por vezes mesmo superior à dos alunos de outros países. As diferenças estão na investigação de ponta, que exige equipamentos muito poderosos. Aí é que, em regra, estamos mal”, observa. Porém, “a investigação em Portugal complementa-se muito bem com os avanços científicos lá fora”, o que torna importantes encontros como este.

Cientistas empreendedores

No programa do primeiro dia está uma mesa redonda sobre “Empreendedorismo e Ciências da Vida”. “Tradicionalmente, os investigadores de biologia não se preocupavam com estes assuntos”, refere Isabel Azevedo. “Os sectores tradicionais estão mal por causa da concorrência de países com mão-de-obra barata. O país precisa de avançar para indústrias que tenham a ver com o conhecimento”. “Não temos que mandar vir os ‘bypasses’ de fora. Por que não fabricá-los?”, questiona o membro da organização.

A UP aproveitou para associar outras actividades ao encontro do FIIP. No dia 20, serão apresentas as propostas de investigação para estudantes na pré-graduação. De 21 a 23, decorre o “YES (Young European Scientists) Meeting”, um congresso internacional organizado por estudantes da FMUP destinado a estudantes de Medicina.

No dia 22, decorre a “Researchers Night”, uma iniciativa da Comissão Europeia, que promove o “contacto dos investigadores com o público”. Há ainda a exposição “Percursos – Projecto Ciência|Arte”, do fotógrafo José Manuel Soares, de 15 a 30 de Setembro, na Galeria da Biblioteca Almeida Garrett.

Pedro Rios
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Foto: Liliana Rocha Dias/Arquivo JPN