Os utentes do metro do Porto invisuais ou com baixa visão poderão ter acesso aos horários e ao percurso aconselhado para chegar a determinada estação através do telemóvel. É o que prevêem dois sistemas, idealizados pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), que deverão ser aplicados em zonas e estações-piloto em Outubro do próximo ano. Os projectos começam oficialmente hoje, segunda-feira.

O Infometro dará indicações aos cidadãos com problemas de visão de como chegar a determinada estação. O utente ligará para o número do serviço através de um telemóvel simples, o suficiente para ser detectada a sua localização e, a partir daí, dadas as instruções necessárias.

Este serviço será conjugado com o Navmetro, que vai fornecer toda a informação disponível nas estações de metro, como horários, tempos de espera ou anormalidades na circulação, através de um telemóvel equipado com “bluetooth” (uma tecnologia cada vez mais comum).

Os projectos nasceram do “interesse de há vários anos” de Diamantino Freitas, professor do Departamento de Electrotecnia da FEUP, pela ligação entre a tecnologia e as pessoas com deficiências. “Os cegos e as pessoas com baixa visão não têm outra solução se não perguntar” para terem acesso às informações a que têm direito enquanto cidadãos, diz o coordenador técnico dos dois projectos. “É um cercear da liberdade individual que não é aceitável”, considera.

Os projectos começam hoje, seguindo um plano de trabalho já definido. A FEUP e a Metro contarão com a colaboração da ACAPO (Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal), “instituição central em todo o projecto”, que vai ajudar a definir os requisitos dos sistemas.

A colaboração entre a equipa da FEUP, liderada por Diamantino Freitas, e a Metro do Porto nasceu há três anos e meio. A empresa “mostrou excelente receptividade”, refere o docente. Os projectos foram contemplados com 150 mil euros cada pelo programa “Inclusão Digital”, que os considerou de “interesse público”. Foi fixado o prazo de um ano para a sua conclusão.

Diamantino Freitas refere que o Infometro e o Navmetro “exigem uma conjugação complexa de vários elementos”, bem como o desenvolvimento de formas mais confortáveis para o utilizador de relacionamento com uma máquina através da voz.

O coordenador técnico espera que, após a conclusão dos dois sistemas, outras empresas se interessem por este tipo de tecnologias.

Pedro Rios
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Foto: Rita Braga/Arquivo JPN