O conceito nasceu nos anos 1950 nos Estados Unidos mas só agora chega a Portugal. A Universidade Fernando Pessoa (UFP), no Porto, vai criar “universidades” no interior das empresas, ajustadas às necessidades de cada uma delas – são as chamadas universidades corporativas.

Duas empresas vão avançar este mês com estes programas e uma associação empresarial deve fazê-lo em breve, revela Miguel Trigo, responsável pelo projecto “Universidade Corporativa”. A associação de pequenas e médias empresas em programas com um tronco comum é uma forma de contornar o custo económico deste tipo de formação, sugere o docente.

Para as empresas é uma forma de criarem um “grupo de colaboradores inovadores” e de atrair, motivar e manter os melhores talentos, que encontram na empresa “possibilidades de formação”, explica Miguel Trigo.

Em algumas empresas norte-americanas, a obtenção de créditos em formações deste tipo está directamente associada à progressão na carreira.

Em cada “universidade”, serão analisadas as necessidades de cada empresa. A partir daí, será traçado um plano de estudos, com uma forte componente prática. Os problemas versam o caso específico da empresa. O ensino pode decorrer presencialmente (na própria empresa ou na Fernando Pessoa) ou à distância (“e-learning”).

Novos públicos para o ensino

Para a UFP, a “Universidade Corporativa” é uma forma de conquistar “novos públicos”, numa altura em que a procura tradicional dá sinais de recuo.

Segundo Miguel Trigo, a vantagem das universidades corporativas em relação aos esquemas de formação empresarial tradicionais está no “contributo que a universidade pode dar às empresas”, já que “tem a experiência do ensino”. Por outro lado, os trabalhadores obtêm créditos que podem ser utilizados depois noutro tipo de formações, à luz do Processo de Bolonha.

As áreas de formação abrangidas pelo programa vão desde a gestão estratégica à gestão de riscos, “marketing”, inteligência competitiva, entre outros.

Empresas como a Motorola e a Dell, nos EUA, e Carrefour, Siemens e Alcater, no Brasil, têm universidades corporativas.

Pedro Rios
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Foto: Morguefile