O Rivoli é a “sede natural” do Fantasporto e é lá que Mário Dorminsky quer ver o festival de cinema em 2008, já no período de gestão privada do teatro municipal, que deve ser entregue a Filipe La Féria. É no Rivoli, aliás, que a totalidade do festival vai decorrer no próximo ano, depois de edições em que o certame se dispersava por várias salas do Porto.

Para a 27ª edição, que acontece de 19 de Fevereiro a 4 de Março, o “Fantas” dispõe de um apoio de 30 mil euros da Câmara do Porto, a que se somam 150 mil euros poupados no aluguer do Rivoli. O Estado comparticipa com 150 mil euros. São estas condições que a direcção do Fantasporto quer manter para as edições futuras, quer se realizem no Rivoli, quer noutro espaço.

“É talvez das melhores colheitas que temos tido nos últimos tempos”, referiu hoje, em conferência de imprensa, a directora do festival, Beatriz Pacheco Pereira. Este é um “ano particularmente rico, sobretudo em termos de cinema europeu”, vindo de países como a Holanda, Hungria e Bélgica.

“A colheita de filmes é extremamente interessante, não só pela sua elevada qualidade, mas porque representam tempos de incerteza e reflexão do mundo ocidental”, afirmou.

Entre as estreias, destacam-se filmes como “The Bothersome Man” (na foto), do norueguês Jens Lien, “El Laberinto del Fauno”, do mexicano Guillermo Del Toro, na abertura do festival, e “The Fountain”, do norte-americano Darren Aronofksy, que abriu o Festival Internacional de Cinema de Veneza.

Cinema grego em destaque

A estrutura do festival mantém-se intacta. Depois da cinematografia húngara, é a vez de dar destaque ao cinema grego, do seu apogeu, nos anos 60 e 70, até à actualidade.

Há duas grandes retrospectivas anunciadas: uma sobre o cinema russo, com enfoque em Andrei Tarkovski e no cinema fantástico dos anos 50, e outra em torno de Marin Karmitz, produtor e realizador francês.

Depois de “Coisa Ruim”, que abriu com muito público o “Fantas” 2006, ter gerado um “ressurgimento de um certo cinema português de qualidade”, a direcção do festival aposta em “Suicídio Encomendado”, uma comédia negra de Artur Serra Araújo.

“O cinema português tem que ter uma porta aberta no Fantasporto, mas numa perspectiva de exigência”. Objectivo: passar uma “imagem digna” do cinema nacional aos estrangeiros que passam pelo festival.

Como o festival começa no dia de Carnaval, o “Fantas” arranca com uma retrospectiva dos super-heróis da Marvel e dos DC Comics. De regresso estará o tradicional Baile dos Vampiros, no Teatro Sá da Bandeira, a 3 de Março.

Pedro Rios
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Foto: DR