“É como ter um Ferrari mas não ter dinheiro para a gasolina”. Foi desta forma que o reitor da Universidade do Minho, Guimarães Rodrigues, reagiu à boa avaliação feita pela European University Association (EUA) à instituição que dirige, que contrasta com a situação financeira “preocupante” que atravessa.

Guimarães Rodrigues alertou, esta segunda-feira, na apresentação das conclusões da avaliação da UM por parte da EUA, na reitoria, em Braga, para a falta de verbas da instituição. “A universidade para funcionar em 2008 precisaria de mais sete milhões de euros, que não tem”, disse, citado pelo “Público”.

A EUA considerou a UM uma “referência de ensino e aprendizagem de elevada qualidade, não apenas para as universidades portuguesas mas também europeias”. Mas, para o reitor, a situação actual é “como ter um Ferrari mas não ter dinheiro para a gasolina”.

O crescimento do orçamento da UM para 2008 (aumento líquido de 2,5%) “é pouco mais do que um milhão e meio de euros, que não cobre a taxa de inflação, a taxa de aumentos por progressão na carreira ou o aumento de vencimentos”, afirmou.

Faltam autonomia e financiamento

O relatório da EUA [PDF] aponta dois constrangimentos externos principais ao desenvolvimento da universidade: a falta de autonomia (na selecção de estudantes, no lançamento de novos cursos e na contratação e promoção de pessoal académico), associada a um “financiamento público insuficiente”.

“Desde 2002 que o apoio do Estado tem vindo a descer”, refere o documento. “Em 2007 o financiamento estatal não vai cobrir, pela primeira vez, os custos com pessoal”. Como soluções para o problema, a EUA sugere uma “diversificação das fontes de financiamento” (um esforço que tem vindo a ser feito, admitem) e uma maior eficiência interna.

Sucesso com Bolonha

Particularmente elogioso é o ponto em que a equipa de avaliadores destaca a forma como a instituição minhota está a aplicar Bolonha. “A UM representa um dos melhores exemplos na Europa na implementação da estrutura de Bolonha”, sublinham. No novo ano lectivo, os programas de primeiro ciclo e a maioria dos do segundo ciclo estarão a funcionar.

A equipa diz-se “impressionada” com o conhecimento demonstrado pelos estudantes sobre Bolonha. E observou que a taxa de abandono escolar é pequena, quando comparada com outras universidades portuguesas, graças a várias “abordagens inovadoras”, tais como o envolvimento dos estudantes em projectos de investigação.