Praticamente concluída há um ano, subsiste uma grande indefinição acerca da forma como o edifício Fórum de Arte e Cultura de Espinho (FACE) será explorado. Em declarações ao JPN, a arquitecta Natália Rocha, do gabinete de arquitectura de Nuno Lacerda, critica o “descuido” da autarquia e não entender a falta de uma definição para o projecto.

Iniciada há nove anos atrás e avaliada em cerca de sete milhões de euros, a obra (encomendada pela Câmara de Espinho e construída no local da histórica fábrica de conservas Brandão Gomes) inclui um núcleo museológico, uma escola superior, um parque de estacionamento público, uma escola de cinema de animação e multimédia, um auditório com cerca de 140 lugares, uma galeria de exposição e ainda seis espaços destinados ao comércio, embora de vocação cultural, existentes no rés-do-chão, bem como cafetaria e esplanada interiores.

Em declarações recentes ao “Jornal de Notícias”, Rolando de Sousa, vice-presidente da Câmara de Espinho, disse estarem a ser feitos contactos com várias entidades, nomeadamente na área das novas tecnologias, que possam vir a ocupar o espaço e a ajudar “a custear as despesas de manutenção”.

Críticas à câmara

“A câmara municipal, quando lançou o concurso, fez um programa tão direccionado e tão exaustivo, sabia exactamente a parte que era para escola ligada às artes, a parte que era museológica, a parte que era para exposições… Estava tudo tão definido que não dá para percebermos por que é que a autarquia está agora tão indecisa”, afirmou Natália Rocha, arquitecta do gabinete de arquitectura de Nuno Lacerda, ao JPN.

De acordo com a arquitecta, “a câmara não está a reconhecer a importância que o edifício tem para a cidade”, manifestando um certo “descuido em relação à obra que está praticamente toda pronta há um ano atrás e neste momento está meia abandonada”.

Quanto à hipótese avançada por alguns antigos trabalhadores da Brandão Gomes desta voltar a ser uma fábrica de conservas, empregando, consequentemente, moradores do bairro da Marinha, Natália Rocha diz que “o edifício não está preparado para ser uma fábrica”. “Não foi para isso que foi estudado, nem foi para isso que foi desenhado”, argumentou.

“Ainda há muito por fazer: obras de manutenção, terminar alguns pormenores e encetar trabalhos de reparação porque aquilo foi deixado um bocado ao abandono”. “Não percebo como é que se faz uma encomenda tão concreta, tão objectiva e depois fica tudo meio perdido”, rematou Natália Rocha.