Os estudantes da universidade queixam-se de estar a perder voz. Pretende fomentar a participação activa dos alunos na tomada de decisões importantes da universidade?

Quem me conhece saber que sou a favor de uma gestão universitária feita por profissionais, pessoas que se dedicam a tempo inteiro. Isto aplica-se a docentes, não-docentes e estudantes.
Temos de ter um conjunto de pessoas com tempo para estudar os dossiês. Hoje, gerir é uma coisa muito séria. Portanto, o que estou a ver [em termos de participação estudantil] são órgãos consultivos, onde as pessoas estão representadas.

A verdadeira gestão participada não é aquela em que as pessoas levantam o braço para votar. As pessoas têm que participar, dar a sua opinião, mas não quer dizer que tenham de tomar uma decisão. A decisão tem de ser tomada por quem vai prestar contas das consequências da decisão que tomou.

Além disso, penso que o que é mais importante no que toca aos estudantes não é o número de vozes, mas a qualidade das vozes.

Quais os principais objectivos da UP para 2009?

Devemos olhar para Bolonha, estudar o que está bem e corrigir o que está mal e preocuparmo-nos também com o paradigma de ensino/aprendizagem. Há também a questão do sucesso/insucesso escolar, que não é tão grave como se imaginava, e a empregabilidade. Estamos quase a fazer sair os primeiros resultados do primeiro observatório de emprego que montámos e vamos segui-los agora de ano a ano e depois de cinco em cinco anos. Vai servir para corrigir possíveis deficiências.

E queremos continuar a aumentar o número de estudantes de mobilidade. Neste momento temos 7% de estrangeiros na UP, queremos chegar aos 10%, enquanto nas pós-graduações queremos atingir à volta de 30%.

Se tudo correr bem queremos criar uma escola doutoral no próximo ano, que já está prevista nos estatutos da universidade. Este ano estamos a subir bastante na produção científica: se continuarmos assim vamos subir cerca de 20% em relação ao ano passado, o que é excelente.

O que mais o motiva enquanto reitor da UP?

Tem dado gozo. Estou na gestão com a condição de que me divirto e sinto que sou útil. Enquanto me divertir e sentir útil, gosto de fazer o que estou a fazer. Quando me começar a chatear e a ver que isto não dá e que não consigo levar barco, abandono-o, deixo-o para outros. Em dois anos perdemos 20% de financiamento do Estado. No entanto, resistimos e isso mostra a nossa capacidade de nos mobilizarmos.

Pondera recandidatar-se?

Ainda não sei.