O “The New York Times” (NYT) foi o grande vencedor da 93ª edição dos Pulitzer, com cinco prémios conquistados. Das doze categorias a concurso nos mais prestigiados prémios do jornalismo norte-americano, o diário nova-iorquino foi distinguido nas categorias de Crítica, Reportagem Fotográfica, Investigação, Internacional e Notícia de Última Hora.

Da cobertura de escândalos sexuais ao jornalismo de guerra e sem esquecer a cobertura fotográfica Barack Obama, foram vários os campos em que o NYT se destacou (ver caixa). Para Joaquim Fidalgo, especialista em comunicação social, a aposta na “qualidade, na identificação das fontes, na investigação prolongada, na possibilidade de acompanhar e aprofundar as histórias”, são elementos de “diferenciação” do jornal.

“The New York Times” x 5

Entre os “Pullitzer” arrecadados pelo “The New York Times”, começa por se destacar o prémio de melhor cobertura online (Notícia de Última Hora) pela cobertura do escândalo sexual do governador Eliot Spitzer. Já o acompanhamento dos conflitos no Afeganistão e no Pasquistão venceu na categoria de Internacional, ao passo que David Barstow arrecadou um “Pulitzer” na categoria de Investigação pela denúncia do caso dos generais reformados, escolhidos pelo Pentágono para defenderem a guerra do Iraque enquanto analistas dos meios de comunicação social. Holland Cotter (Melhor Crítica) e Damon Winter (Melhor fotografia, pela cobertura da campanha presidencial de Barack Obama) foram os outros jornalistas distingidos.

O NYT distingue-se ainda como uma “marca na qual as pessoas confiam”, pois “a transparência com o público e com os leitores é fundamental”, diz Joaquim Fidalgo, dando o exemplo um incidente que ocorreu com o jornal em 2003, ano em que foi descoberto que um jornalista – Jayson Bair – inventara uma série de notícias.

“Foi um choque muito grande que levou a que o jornal reflectisse e revisse os seus mecanismos internos”, conta o especialista, para quem os “Pullitzer” deste ano confirmam que o jornal “recuperou da fase complicada”.

Jornalismo de investigação “faz falta” em Portugal

Traçando um paralelo entre o NYT e o jornalismo que se faz em Portugal, Joaquim Fidalgo lamenta a ausência de um verdadeiro jornalismo de investigação nos meios de comunicação social nacionais. “É uma das coisas que faz falta ao jornalismo português”, assume o especialista.

“O jornalismo de investigação requer jornalistas destacados para um assunto durante vários dias ou várias semanas, sem ter a certeza se a investigação irá conduzir a algum lado”, explica Joaquim Fidalgo, justificando com os “elevados custos” a falha dos media nacionais.

“Apostar em produção própria e sobretudo em investigação própria implica que o jornalista tem que ter condições, conhecimentos e preparação e tem que ter tempo”, remata.