O Sindicato dos Jornalistas diz que vários órgãos de comunicação social pararam total ou parcialmente na passada quinta-feira. Para o SJ, esta greve, à qual os profissionais "aderiram em massa", foi "um marco na história do jornalismo português".

No Porto, os jornalistas concentraram-se em frente à Câmara Municipal. Foto: Maria Rego/JPN

As redações de 64 órgãos de comunicação social pararam na passada quinta-feira (14), a propósito da greve de jornalistas, na qual os profissionais reivindicaram melhores condições salariais e de trabalho. A informação foi avançada pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ).

A greve geral, “a primeira em mais de 40 anos, foi um marco na história do jornalismo português. Jornalistas aderiram em massa ao protesto nacional por condições de trabalho dignas e em defesa da democracia. As redações de 64 órgãos de comunicação social locais, regionais e nacionais ficaram totalmente paralisadas e registaram-se sérios constrangimentos noutras dezenas“, pode ler-se numa nota.

De acordo com o Sindicato dos Jornalistas, “a redação do ‘Diário de Notícias’ parou por completo” quer no online, quer no papel – o jornal não saiu nas bancas na sexta-feira (15). As redações da Agência Lusa, RTP, RTP Castelo Branco, RTP Madrid, TSF, “O Jogo”, TVI/CNN Algarve e SIC Évora suspenderam totalmente o fluxo de informação. O mesmo aconteceu na Antena1, Antena3, RDP AFRICA e RDP Internacional.

Outros meios de comunicação não pararam completamente, mas registaram alterações no trabalho das redações e “constrangimento no seu fluxo noticioso”. “Foi o caso da Visão (adesão de 90%), “Jornal de Notícias” (83%), “Público” (83%), “Expresso” (75%), Observador (56%), “Jornal de Negócios” (50%) e Rádio Renascença (38%)”, pode ler-se. Enquanto que na Antena 1 Açores, “todos os blocos informativos foram suspensos”, na RTP Açores, apenas o Jornal da Tarde e o Notícias do Atlântico foram cancelados. Alguns órgão de comunicação não tradicionais, como o Fumaça e o Divergente, também aderiram à greve.

A SJ fez também um balanço dos jornalistas que estiveram presentes nas concentrações: cerca de 700 em Lisboa, 200 no Porto, 70 em Ponta Delgada, 65 em Coimbra e 30 em Faro. O sindicato dá ainda conta de que se realizaram concentrações em Viseu e Évora e que 34 jornalistas freelancers também comunicaram a sua adesão.

Relativamente à imprensa regional, o sindicato diz que pararam completamente as redações do “7Montes, AlmadaOnline, Barlavento, Jornal do Algarve, Jornal do Ave, Jornal do Centro, Jornal do Fundão, Maré Viva, Médio Tejo, Notícias da Covilhã, Notícias do Sorraia, Porto Canal, Rádio Despertar Voz de Estremoz, Rádio Cova da Beira, Rádio M24, Rádio Paivense, Rádio SBSR, Região de Leiria, Reconquista, Rádio do Pico, Rádio Asas do Atlântico, Rostos, Seia Digital, O Setubalense, SulInformação, A Voz do Operário, entre tantas outras”.

Nos Açores, a greve teve uma adesão global de 42%. “O ‘Diário da Lagoa’, o ‘Ilha Maior’, o ‘Baluarte’ suspenderam todo o trabalho”, assim como a TSF Açores, o Rádio Clube Asas do Atlântico e a Rádio Pico. No “Açoriano Oriental” e “Diário Insular”, a adesão foi de 50%.

Alguns jornais e rádios universitários também aderiram à greve: o jornal A Cabra, a Rádio Universidade de Coimbra (RUC) e a Rádio Universitária do Minho (RUM).

Além de fazer o balanço da greve, o Sindicato dos Jornalistas afirmou que “as hierarquias procederam a vários esquemas (ilegais e/ou antiéticos) para reduzir o impacto do protesto”. “Além de chefias terem perguntado aos jornalistas se iriam aderir à greve, o que é ilegal, o SJ tem conhecimento de ter existido aliciamento com horas extraordinárias ou dias de folga extra aos jornalistas que prolongassem as horas de trabalho para tapar os ‘buracos’ deixados pelos grevistas. Também houve recurso a estagiários e a trabalhadores a recibos verdes, substituindo jornalistas do quadro em greve, assim como reforço de turnos, entre outros”, lê-se na mesma nota.

Editado por Inês Pinto Pereira