Batalha Centro de Cinema, no Porto, assinala os valores universais da liberdade através de um ciclo de cinema que começou no sábado (16) e que se vai estender até 28 de abril.
“Pegar nos valores do 25 de Abril e, através de filmes, mostrar que esses valores são universais e que é muito necessário promovê-los”. Foi com este pensamento a servir de trave mestra, nas palavras de uma das curadores, Manuela Matos Monteiro, que se desenhou o ciclo “Se o cinema é uma arma”, que arrancou no sábado (16) e se vai estender até 28 de abril, no Batalha Centro de Cinema, no Porto.
O programa vai levar aos ecrãs documentários e obras ficcionais que vão além das fronteiras estéticas, culturais e geográficas, a fim de explorar o poder transformador do cinema e como atua, enquanto ferramenta de luta atuais em Portugal e no mundo.
O ciclo de cinema promete levar os espectadores a Portugal, ao Brasil, à Palestina, a Hong Kong e à Nigéria, através de filmes que denunciam opressões, desvendam outras perspetivas históricas e se transformam em importantes atos de resistência.
“A lista de filmes teve como eixo apresentar um cinema que traga para o debate as situações em tantas partes do mundo, onde a questão da liberdade e da democracia, das condições de vida, não estão presentes”, salientou Manuela Matos Fernandes.
“West Indies, les nègres marrons de la liberté” (1979), do cineasta mauritano Med Hondo, abriu, no sábado (16), o ciclo. Abdoul War, assistente de realização do filme, marcou presença no evento.
O programa conta ainda com “Es.Col.A da Fontinha”, de Viva Filmes; “Cabeça de Nêgo”, de Déo Cardoso; “Coconut Head Generation”, de Alain Kassanda; “Nation Estate”, de Larissa Sansour; “In The Future They Ate From the Finest Porcelain”, de Larrisa Sansour e Søren Lind e “Foragers”, de Jumana Manna. Inclui ainda “South”, de Morgan Quaintance; “El botón de nácar”, de Patricio Guzmán e “A Lei da Terra”, do Grupo Zero.
Uma vez que a ruas e toda a cultura vão abraçar e celebrar os 50 anos do 25 de Abril, os curadores procuraram o caminho da diferenciação ao “lançar [as celebrações] para um mundo mais amplo e mais vasto, mostrando a importância da proclamação da universalidade de determinados valores que tinham sido expulsos pelo 25 de Abril”.
O ciclo “Se o cinema é uma arma” apostou também em obras infantis, nomeadamente “Adoro Ser Livre”, um filme criado durante a Oficina de Realização Para, Escuta e Olha!, com Amarante Abramovici; e “Tito e os Pássaros”, de Gustavo Steinberg, Gabriel Bitar e André Catoto. O propósito é que os valores de Abril serem “aplicados, consciencializados pelos cidadãos desde que são crianças. Se uma criança nascer educada em torno desses mesmos valores, do respeito pelo outro, pela liberdade, pela democracia, isso é um bem. E, deste modo, faz todo o sentido haver dois ou três filmes que são dedicados às crianças e que esses valores estão presentes”, apontou.
A Manuela Matos Monteiro (fotógrafa) juntaram-se Fradique Bastos (cineasta), Janaína Oliveira (investigadora) e Rita Morais (realizadora) para serem curadores do projeto que vai estar em exibição até 28 de abril no Batalha Centro de Cinema, no Porto.
Editado por Inês Pinto Pereira