A greve dos jornalistas está agendada para esta quinta-feira (14) e conta com concentrações em quatro pontos do país: Coimbra, Porto, Ponta Delgada e Lisboa. Ao JPN, Luís Filipe Simões, presidente do Sindicato dos Jornalistas, falou sobre o momento de “emergência” do jornalismo em Portugal.
A primeira greve dos jornalistas em mais de 40 anos realiza-se esta quinta-feira (14), a fim de reivindicar os direitos da profissão. Esta greve vai estar organizada em quatro concentrações, que decorrem em Coimbra às 9h00, no Porto e Ponta Delgada, nos Açores, ao meio-dia e em Lisboa às 18h00.
Luís Filipe Simões, presidente do Sindicato dos Jornalistas (SJ), acredita que a “adesão vai ser muito grande” e assume que “era o homem mais feliz do mundo se não houvesse uma única notícia sobre a greve”. “Sabendo que não vai acontecer, espero que os jornalistas percebam que é o momento de pararem, porque não podem permitir que se continue a degradar as condições de trabalho”, concluiu.
A greve geral, aprovada por unanimidade no 5.º Congresso dos Jornalistas, pode ser “determinante”, de acordo com o presidente do SJ. “Primeiro, porque os salários praticados no jornalismo são baixíssimos. O jornalista precisa de ser rigoroso, independente, informado e não o é com os salários que se praticam. E com exigências máximas não se podem pagar salários mínimos”, explicou ao JPN. E acrescentou: “Somos uma profissão que os jornalistas não progridem na carreira, aceitam estar aos mesmos níveis e não podem aceitar”.
Um dia depois do despedimento coletivo no “Diário de Notícias”, Luís Filipe Simões afirmou que as direções dos órgãos de comunicação social continuam a “insistir numa receita que tem dado resultados desastrosos: que é, em nome do jornalismo saudável e sustentável, achar que é boa ideia despedir jornalistas”. Ao JPN, o presidente do sindicato esclareceu que as redações estão hoje mais “frágeis” e reforçou a importância de ir para as ruas e estar ao lado das pessoas.
Apesar da proximidade com as pessoas, Luís Filipe Simões admite não acreditar que a “generalidade das pessoas saibam que os jornalistas ganham hoje salários miseráveis e muito pouco dignos”. Quando questionado sobre se este fator faria ou não diferença, o líder sindical confessou que “sim”, uma vez que fará com que compreendam melhor o setor e se faça esquecer a ideia de que os jornalistas “ganham muito bem”.
A greve agendada para esta quinta-feira não é, contudo, a última fase do protesto. “Esta greve é no dia 14, mas começa-se a cumprir no dia 15. É no dia 15 que nós com a nossa união vamos exigir aos patrões melhores condições de trabalho. Vamos exigir aos políticos que passem de palavras aos atos e que definitivamente apoiem o jornalismo”, concluiu o presidente do Sindicato dos Jornalistas.
Editado por Inês Pinto Pereira