O município duplicou o investimento e alargou o programa a um maior número de atletas e a outras modalidades em relação a 2023. O JPN esteve à conversa com duas atletas para perceber a importância deste apoio.
Câmara Municipal do Porto espera ajudar os atletas a superar as “condições precárias” em que desenvolvem a prática desportiva. Foto: Gabriella Garrido
A Câmara Municipal do Porto (CMP) lançou este ano a segunda edição do Programa de Patrocínio a Atletas de Alto Rendimento e de Elevado Potencial Desportivo, com o objetivo de apoiar 56 atletas. Destes, 32 deles vão receber este apoio pela primeira vez.
O número de atletas quase duplicou em relação à primeira edição do programa (2023), na qual foram abrangidos 29 atletas, sendo que os montantes atribuídos também aumentaram para responder à maior procura, passando de 107 mil euros para mais de 200 mil euros, em 2024. Os apoios do programa, operacionalizado pela empresa municipal Ágora, entregues aos atletas variam entre 1.500 euros aos 6.000 euros.
De acordo com um comunicado da autarquia, Catarina Araújo, vereadora com o pelouro do Desporto e Juventude da CMP, disse que esta nova edição do programa vai conseguir responder de forma mais eficiente aos inúmeros pedidos de apoio. “O excelente resultado que teve a primeira edição deste programa de patrocínio levou-nos a refletir sobre a pertinência de um programa ainda mais abrangente, com apoios a mais modalidades”, sublinhou.
Na edição deste ano, vão ser apoiadas novas modalidades, como o jiu-jitsu, a motonáutica, o teqball, o golfe, o xadrez e o boxe. Verificou-se ainda um aumento do apoio ao desporto adaptado em modalidades como natação adaptada e boccia.
Os apoios são “fundamentais” para alcançarem os objetivos
Para Mariana Cunha, nadadora do Colégio Efanor, este apoio é imprescindível para continuar a trabalhar. “O desporto, além do futebol, nunca foi muito valorizado, e ter a Câmara do Porto através da Ágora a apostar em nós, e a apoiar-nos é fundamental para que consigamos alcançar os nossos objetivos”, disse em declarações ao JPN.
A atleta, que vai beneficiar deste apoio pelo segundo ano consecutivo, ficou em 13.º lugar no Campeonato do Mundo em fevereiro, foi bronze nos 100 metros mariposa no Europeu sub-23, em agosto do ano passado, e foi campeã do mundo de desporto escolar nos 100 metros mariposa, em 2019. Mariana Cunha está trabalhar para garantir um lugar nos 100 metros e nos 200 metros mariposa dos Jogos Olímpicos, mas continua a competir a nível nacional e internacional. “Estou apenas a sete décimas, parece muito pouco, mas na natação é muito, mas, neste momento, a nossa preparação parte em fazer estágios, competições internacionais, trabalhar os detalhes”, disse. O prazo para fazer os mínimos olímpicos fecham no final de junho.
A nadadora está também a frequentar o primeiro ano da licenciatura de Fisiologia Clínica, na Escola Superior de Saúde. “O meu dia-a-dia é treinar das 6h00 às 8h00. Depois, conforme os dias e os horários da faculdade, vou às aulas. Tenho um treino de ginásio antes do almoço, por volta do meio-dia, e de tarde, das 14h00 às 17h00 da tarde, tenho outro treino”, contou.
Mariana Cunha pretende não se desligar por inteiro da natação, e vai tentar trabalhar com crianças pequenas, onde irá ensinar a nadar, pois é algo que gosta e juntará o útil ao agradável.
Angélica André foi a primeira a receber este apoio
Angélica André, atleta da modalidade de natação em Águas Abertas do FC Porto, foi a primeira (e única em 2021) a receber este apoio da Câmara do Porto – só no ano passado, é que o apoio foi alargado a outros atletas e modalidades. Em 2021 a nadadora representou a marca “Porto.” na preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.
Sobre o Programa de Patrocínio a Atletas de Alto Rendimento e de Elevado Potencial Desportivo da Câmara do Porto, a nadadora confessa: “Foi criado meio que inspirado em mim”. A atleta, que vai receber o apoio pela terceira vez, diz que o valor é essencial para conseguir realizar os seus objetivos desportivos: “Uma vez que se trata de uma modalidade amadora e os apoios às mesmas são escassos, por isso, torna-se uma mais-valia”.
Ainda sobre os apoios que recebe, a atleta fez referência aos apoios que recebe do FC Porto. “O meu clube é o meu maior pilar, é nele que encontro tudo o que é fundamental para este percurso, nomeadamente o treinador, instalações, equipa médica e tudo resto”, afirmou.
Angélica André ganhou a medalha de bronze nos 10 quilómetros de águas abertas nos Mundiais de natação que decorreram em Doha, em fevereiro, e assegurou a presença nos Jogos Olímpicos de Paris, que se realizam em agosto. Depois de ter interrompido os treinos durante alguns dias, a atleta tem vindo a preparar-se para os Jogos. “Parei uns dias para fazer um reset e para, agora, dar continuidade ao trabalho que temos vindo a desenvolver no FC Porto, porque não haverá mais paragens até aos Jogos. Por isso, considero que a minha preparação está dentro daquilo que tínhamos previsto e motivados em continuar”, contou.
À conversa com o JPN, a nadadora explicou que treina diariamente e que apenas tem folga ao domingo. “Os meus dias consistem em dois treinos de água em média de 10 quilómetros cada – um às 6h30, outro às 15h00 – e um treino de ginásio depois do treino da tarde”. É especialista em Águas Abertas, mas também gosta de natação pura, onde as provas que mais gosta de fazer são as mais longas, 1500 metros, 800 livres, e 400 estilos e confessa que também gosta de nadar os 200 metros mariposa e os 200 metros bruços.
Editado por Inês Pinto Pereira
