A formação dos médicos em Portugal, os “médicos em excesso”, o futuro das Organizações Não Governamentais na área da saúde e a dificuldade de acesso a cuidados básicos foram temas em debate na iniciativa que reuniu Paulo Rangel com vários profissionais de saúde realizado, esta terça-feira à tarde, no Palácio da Bolsa, no Porto.

No encontro que durou cerca de uma hora, Paulo Rangel evidenciou os problemas actuais da saúde em Portugal. O cabeça-de-lista do PSD às Europeias defendeu um sistema de parceiros públicos e privados em que exista o “direito à igualdade de tratamento” e de “liberdade de escolha” para os utentes.

Ao JPN, o líder parlamentar do PSD revelou que o compromisso dos sociais-democratas na Europa assenta em “prevenir e preparar uma sociedade demograficamente envelhecida e os principais problemas de saúde”, “prevenir pandemias” e a promover “todo o conhecimento e as novas tecnologias na área da saúde”.

Na iniciativa que fez parte da campanha eleitoral do candidato às europeias, estiveram presentes dois médicos, Hélder Ferreira, médico mais novo que chegou recentemente de um estágio em Estrasburgo e José Manuel Pavão, um médico com muitos anos de experiência.

“A classe médica sofre em silêncio”

Perante uma plateia de profissionais de saúde, Hélder Ferreira não poupou nas críticas à forma como é tratada a classe médica em Portugal. “A classe médica sofre em silêncio”, destaca o médico, antes de apontar as “inverdades” ditas pela comunicação social que afirma faltar médicos em Portugal. “O número de médicos aumentou”, justifica.

“Depois do prolongamento da idade da reforma, as perspectivas não são favoráveis para os jovens médicos e estudantes de Medicina”, acrescenta Hélder Ferreira, que sugere que a proposta de Paulo Rangel para os alunos Erasmus também seja “aplicada aos médicos”.

Já José Manuel Pavão destacou a falta de médicos de família e as listas de espera “gigantes” como factos que lhe fazem “doer o coração” num retrato da saúde em Portugal. “Pertencemos à Europa e não conseguimos dar a cada português um médico de família”, lamenta.

A presidente da Fundação Portuguesa “A Comunidade Contra a SIDA”, Filomena Frazão, esteve também presente no encontro. A psicóloga falou do mau lugar que ocupa Portugal na Europa em relação às doenças infecciosas e destacou a importância das campanhas de informação e do voluntário na área.