A primeira Loja do Mundo em Portugal abriu há apenas uma década, em Amarante, com a Associação Reviravolta. Esta é uma das razões apontadas por Diogo Vaz, membro da direcção, para justificar a diferença na aceitação deste conceito em Portugal, relativamente ao resto da Europa.
“Enquanto que em Itália e na Holanda [a ideia] já vem desde os anos 50 e 60, e depois cresceu exponencialmente nos anos 80, em Portugal, sendo que tem pouco tempo, lentamente tem havido adesão”.
Há ainda outro factor que, segundo o representante da associação, influencia a adesão dos consumidores portugueses aos produtos de comércio justo: o preço. O comprador actual está habituado a preços cada vez mais baixos e, principalmente durante uma época de crise, esta é a sua motivação principal na escolha dos produtos.
As dificuldades de implementação
A lenta adesão dos portugueses não é suficiente para fazer prosperar esta iniciativa. No Porto, as lojas de Comércio Justo que já existiram em Cedofeita, na Ribeira e no CentralShopping foram encerrando, e hoje só a do Parque da Cidade sobrevive.
Diogo Vaz vê nestas adversidades um aviso de que é necessário alterar a estratégia de implementação em Portugal: “Não falhámos na questão da publicidade e na questão de transmitir o conceito, mas penso que se calhar devemos abordar de uma forma diferente alguns aspectos de forma a conseguir chegar a mais sítios.”
Comércio Justo e desenvolvimento sustentável
O investimento no desenvolvimento sustentável trouxe os movimentos de consumo ético e ecológico para a ordem do dia.
A aposta das elites políticas à produção sustentável, o apoio de celebridades e líderes de opinião a organizações que trabalham para esse fim e a formação escolar baseada na consciencialização ambiental e sustentável dos jovens levam a que haja um crescente interesse por este tipo de causas.
O empenho e interesse dos jovens, educados numa sociedade cada vez mais preocupada com o consumo ético e sustentável, cria, à partida, condições para uma maior abertura a um sistema alternativo e pode ser um importante factor indicativo do futuro do movimento de Comércio Justo em Portugal.