O discurso da tomada de posse de Cavaco Silva ficou marcado pelas duras críticas dirigidas ao Governo. O Presidente da República referiu, por várias vezes, a necessidade de resolver a situação complicada em que se encontra Portugal e afirma que é preciso haver “limites nos sacrifícios que são pedidos aos portugueses”.
Cavaco Silva reitera a ideia prometida durante a campanha eleitoral e promete uma “magistratura activa e empenhada na salvaguarda dos interesses nacionais”. Durante o discurso de tomada de posse, Cavaco Silva traçou um perfil do país nos últimos dez anos e pediu aos portugueses “uma atitude mais activa” para que Portugal possa estar ao nível dos parceiros europeus.
Discurso influenciado pela voz da juventude
O discurso de Cavaco Silva acabou com um forte apelo aos mais jovens. O presidente da República afirma que estes devem assumir-se como “protagonistas da mudança” e que devem ser vistos como “parte da solução dos problemas”.
A três dias do protesto “Geração à Rasca”, o discurso de Cavaco Silva agradou a Inês Saraiva, da organização da manifestação, que salienta a influência do movimento no discurso de hoje do Presidente. Para a organizadora “é normal que Cavaco Silva tenha referido a situação actual dos jovens”, principalmente “a partir do momento em que começa a haver uma mobilização por parte da geração mais nova que é sempre acusada de nada fazer e de não intervir na vida civil”.
Duarte Marques, da JSD, não ficou surpreendido com o apelo de Cavaco, uma vez que “a juventude sempre foi a sua prioridade”. Em concordância com as palavras do Presidente, o jovem político refere, ainda, que o discurso é “realista face à situação que o país atravessa” e salienta que Portugal “nunca esteve tão mal como está hoje”.
Por sua vez, João Torres da JS afasta-se da opinião de Cavaco Silva e afirma que se trata “de um discurso de alguém que, na generalidade da facção política, está comprometido com uma visão conservadora e obsoleta da sociedade”.