Mil vozes numa só, a do filho que conta a história da mãe e do pai, ausentes. É assim que Albano Jerónimo descreve “Glória ou Como Penélope Morreu de Tédio”. O actor estreia hoje, sexta-feira, a peça no Teatro Carlos Alberto, no Porto.
Para Albano Jerónimo, a grande diferença de actuar sozinho é o som. O monólogo exige que o actor se foque mais e, “por esse lado, é excelente”, pois permite que o actor chegue “a níveis de trabalho muito bons”. Contudo, salienta que o texto ajuda a criar uma fluência entre os diversos registos de voz.
A ideia de criar este texto surgiu a partir da leitura da “Odisseia”. Cláudia Lucas Chéu, a autora do texto, quis “recriar a história da Penélope”, mas “contada pelo filho, que, no caso da Odisseia, é Telêmaco, mas aqui criei uma figura que é Pathos”.
Desde o início que o texto foi escrito para ser um monólogo e, mesmo antes de estar terminado, o papel foi atribuído a Albano Jerónimo, conta Cláudia Lucas Chéu. Um único actor em palco, para transmitir “o reflexo contemporâneo da solidão”.
Apesar de ser uma história antiga, a autora e encenadora da peça acredita que as pessoas vão identificar-se com a história, uma vez que “os valores essenciais e aquilo que nos forma enquanto pessoas são universais e intemporais”.
“Glória ou Como Penélope Morreu de Tédio” está em cena no Teatro Carlos Alberto até 3 de Abril.