O investimento do InterContinental Hotels Group (IHG) no Porto, com a requalificação do Palácio das Cardosas em hotel de luxo, não deixou passar em claro outro dos marcos da cidade: o Café Astória.

Se o hotel é de luxo, o café também o é, pelo menos na opinião de Pilar Monzon, directora-geral do novo hotel portuense. Encerrado na década de 70, o espaço foi, agora, adoptado pelo InterContinental Palácio das Cardosas, que o vai reabrir para quem o quiser frequentar. Contudo, Pilar Monzon, refere que foram feitas várias modificações em relação ao Astória original.

Os candeeiros e a coluna central são apenas dois dos vários elementos que decoram o renovado café. A possibilidade de vir a rivalizar com outros cafés europeus não é colocada de lado e, por isso, nada pode ser deixado ao acaso: até a porta de serviço é de uma estética requintada.

As mesas e o balcão dispostos pela divisão prometem chamar muita gente ao espaço, quando este abrir em definitivo. As chamadas “conversas de café” prometem invadir a atmosfera do Astória. Posicionado numa zona histórica do Porto, o café mantém-se no lugar que ocupa desde as primeiras décadas do século XX, com a fachada virada para a Estação de São Bento. Além dos hóspedes do InterContinental, os novos frequentadores podem muito bem vir a ser aqueles que por ali passam todos os dias ou até mesmo os que eram clientes por altura dos “primórdios” do café. Pilar Monzon revela que gostaria muito que isso viesse a acontecer.

O caso inédito do Astória

Hélder Pacheco, historiador e conhecedor da cultura portuense, partilhou com o JPN alguns factos que rodeiam a renovação do Café Astória. “Na década de 60, os cafés foram assaltados pela banca, mas não temos assistido à transformação da banca em café. O Astória é o primeiro caso de um banco passar a café”, recorda Hélder Pacheco. Antes de fazer parte do novo hotel InterContinental Palácio das Cardosas, o espaço pertencente ao Astória estava inserido no Banco Pinto & Sotto Mayor. “Isto pode ser o início de um processo novo”, completa o historiador.

Ainda assim, o ambiente que se vive nos cafés já não é o de outrora. Hélder Pacheco relembra o tempo em que tudo e mais alguma coisa se fazia nestes espaços. “Agora as pessoas andam muito mais a correr, e têm muito menos tempo para se encontrarem”, diz o historiador. Por outro lado, “o Astória está localizado numa esquina de grande passagem e isso pode ajudar a uma maior afluência de público”, conclui Pacheco.