Dificilmente o ano de 2011 poderia estar a correr melhor para Portugal. Isto no que diz respeito ao plano desportivo. Se em outros assuntos o país anda pelas ruas da amargura, em termos futebolísticos a nação caminha pelas “avenidas” mais sumptuosas do desporto-rei. Esta quinta-feira confirmou-se o que era quase certo: final europeia 100% portuguesa. Uma ideia que vinha sendo reforçada jogo após jogo, à medida que as equipas nacionais deslumbravam a Europa do futebol.

No último obstáculo que antecedia a chegada à final, a segunda mão das meias-finais, assistiu-se a partidas de serviços mínimos. O FC Porto foi a Espanha fazer figura de corpo presente. Perdeu (3 – 2), mas manteve a vantagem na eliminatória e garantiu a presença em Dublin. O Braga, construiu o resultado mínimo que lhe dava a vantagem (1 – 0) e obteve o tão desejado carimbo. No meio de todo este sentimento de orgulho nacional, o sacrificado é o Benfica.

Sp. Braga 1 – 0 Benfica (Total: 2 – 2; Sp. Braga vence com mais golos fora)

Se existia alguém que pensava que o resultado obtido pelo Benfica, na primeira mão, tinha sido positivo, esta quinta-feira só pode ter ficado convencido do total oposto. Domingos Paciência alimentou a fé dos seus jogadores com aquele golo marcado em Lisboa. Para passar, bastava chegar ao 1 – 0 e cerrar fileiras. Essa confiança parece ter entrado na cabeça de Custódio, já que foi com essa parte do corpo que, aos 18 minutos, o jogador abriu o marcador e fechou a eliminatória.

O Benfica ainda tentou reabri-la, e logo “a ferros”, quando perto do intervalo Saviola rematou ao poste da baliza de Artur. Na segunda parte, bem se notou a vontade das “águias” de darem a volta aos acontecimentos, mas era algo que esbarrava na combatividade dos minhotos. Para a recta final da partida estava ainda reservada uma “curta-metragem” de suspense, em que Roberto se revelou o protagonista improvável. O guardião “encarnado”, criticado ao longo da época, defendeu um par de lances que poderiam ter “matado” o jogo a favor do Braga. Mas aos 87 minutos, outro herói daria cara: Paulão tiraria do rumo da baliza um cabeceamento de Alan Kardec e, assim, traria certeza à presença bracarense na Irlanda.

Villarreal 3 – 2 FC Porto (Total: 4 – 7)

O FC Porto que esteve em Espanha não foi mais do que a imagem de João Moutinho. As qualidades do médio português, lançado a titular por André Villas-Boas, mal se viram em jogo, algo que é compreensível, por causa da amostragem de um amarelo que o poderia afastar da final. Isso tirou-lhe capacidade de luta, o que, por consequência, parecia estender-se a toda a equipa portista. A postura do FC Porto, sem posse de bola e com perdas de bola, deu fé aos “amarelos”, que acreditavam na “remontada”. Os primeiros 40 minutos foram dos espanhóis e, pelo meio, fizeram um golo por Cani.

Só a partir daquele minuto é que os “azuis-e-brancos” deram um ar da sua graça. Por Hulk, empataram a partida, esvaziando o balão de esperança do Villarreal. Esse balão estourou mesmo, quando, nos primeiros minutos da segunda parte, o inevitável Falcao deu a “bicada” final com o seu 16º golo na prova. O FC Porto colocava-se em vantagem, mas também em modo de relaxe e, nessa altura, Helton brilhou através de grandes defesas que, ainda assim, não evitariam os dois golos (um de penálti) da “remontada” do Villarreal. Os espanhóis venceram o jogo, mas perderam a eliminatória.