Está a correr pela imprensa alemã um documento que pretende fazer com que o Google pague aos jornais para reproduzir os conteúdos informativos. Segundo a petição,”os agregadores de notícias e os motores de busca devem pagar, no futuro, uma cota aos editores pela distribuição de material de imprensa”. O principal argumento é o de que os motores de busca e agregadores de notícias lucram com a publicação de conteúdos que são produzidos por outros órgãos.

Apesar da difusão da ideia, ainda não está bem definida a forma como o pagamento poderá ser feito.A medida implica a criação de uma entidade que se responsabilize por cobrar e distribuir o dinheiro, algo que já existe em alguns países.

Ao ser implementada a lei, os representantes da imprensa europeia veem os seus interesses atendidos, uma vez que já lutam há alguns anos pelo pagamento dos conteúdos por parte dos motores de busca e agregadores de notícias. Em 2009 foi assinada pelos patrões dos media uma declaração, em Hamburgo, na Alemanha, para defender os direitos de autor. O documento pretendia uma cobrança pelo uso dos sites de imprensa. Vários órgãos de comunicação portugueses, entre os quais o jornal Público, assinaram a declaração.

O Google já defendeu a sua posição face ao documento, argumentando que os órgãos de comunicação social dispõem de uma técnica que lhes permite evitar que sejam indexados pelo motor de busca. Para isso, todas as empresas que não queiram ser endereçadas pelo Google, apenas precisam de adicionar uma linha de código às suas páginas web que permite que estas deixem de ser indexadas pelo motor de busca.

Uma lei como esta implica que o governo alemão tenha de decidir, além das taxas a cobrar para os motores de pesquisa e para os agregadores de notícia, que tipo de sites vão poder beneficiar deste pagamento.A proposta de lei poderá ser discutida no parlamento alemão ainda este verão.

“A tentativa do governo alemão não terá qualquer resultado”

António Granado, professor universitário e jornalista, considera a medida alemã “ridícula” uma vez que “tenta regular algo que é impossível de regular.” Segundo Granado, “o que os motores de busca fazem é pura e simplesmente dar um link para que as pessoas possam encontrar mais facilmente os artigos.”

O jornalista afirmou que esta iniciativa vai contra o conceito de Internet, já que ela “nasceu exatamente para hiperligar conteúdos”.

Ao fazer referência à possibilidade dos jornais poderem utilizar uma linha de código que permite que deixem de ser indexados pelo Google, António Granado afirma que “é evidente que nenhum jornal do mundo vai tirar os seus conteúdos do Google” porque, “no momento em que o fizer, perde metade do seu tráfego.”