Nas palavras de Maria de Lurdes Correia Fernandes, vice-reitora, a Universidade do Porto (UP) é a instituição de ensino superior “que está em melhor situação”. Ainda assim, os efeitos da atual conjuntura vão fazer-se sentir: primeiro, porque “o próprio orçamento da Universidade vai ser significativamente reduzido no próximo ano” e segundo “porque a ação social também não é tão vasta como se desejava”.

Perfil

Maria de Lurdes Fernandes é professora catedrática e vice-reitora da Universidade do Porto. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas, em 1981, pela Faculdade de Letras (FLUP) e doutorou-se em Cultura Portuguesa, em 2002, pela mesma Faculdade. Já foi presidente do Conselho Diretivo da FLUP, mas exerce o atual cargo desde 2006 (ano em que saiu a legislação do Processo de Bolonha) e é responsável pela pasta “Formação, Organização académica e Estudantes”.

Um dos objetivos da Universidade do Porto para o próximo ano é tomar medidas para evitar cortes maiores do que os que vai sofrer. O caminho passa por “investir em receitas próprias, seja por via de projetos nacionais e internacionais, prestação de serviços ao exterior, ou pela oferta de formação contínua para ativos que já estão no mercado de emprego”. Há ainda que continuar a “política de valorização, quer da formação contínua, quer de prestação de serviços ao exterior”, que tem “permitido, a grande parte das unidades orgânicas, ter uma parcela de verbas próprias muito significativa”, e tem possibilitado “continuar a melhorar as condições de estudo dos estudantes e a qualificação do corpo docente”, conta.

Fundo de emergência deve atender às “situações mais preocupantes”

A professora revela, ainda, que os apoios externos à instituição não são tantos quanto se desejaria, à parte de alguns prémios e patrocínios atribuídos por empresas. Por isso mesmo, o futuro da Universidade deixa Maria de Lurdes Fernandes “obviamente apreensiva”, embora acredite que, com o fundo de emergência de que esta já dispunha, “se possa atender às situações mais preocupantes”.

O abandono escolar é outra das preocupações da docente. A UP “continua a crescer”, mas igualmente crescentes têm sido os casos de alunos que optam por desistir. A professora diz que, de facto, “a Universidade não garante emprego a ninguém, mas garante que uma pessoa que tem uma boa educação a nível superior tem muito mais condições para ter uma situação de emprego do que aquele que não tem”.”A taxa de desemprego dos que não são diplomados é muito superior”, garante.