O sonho começou há 8 anos quando Rita calçou pela primeira vez umas chuteiras. Na equipa do Colégio de Carvalhos, escola onde estudava, Rita ainda desconhecia que aquele era apenas o primeiro passo para um futuro promissor.

Depois de uma passagem pelo Salgueiros, Rita chegou em 2008 à equipa de futebol feminino do Boavista, onde considera que “a diferença é enorme a nível competitivo, e que jogar no Estádio do Bessa é simplesmente um sonho”, conta.

Rita acredita que “o futebol feminino [por esta altura] já devia ser uma forte aposta do clube, pois esta é uma atividade amadora que tem conseguido ter muitos sucessos”, refere. Dessa forma, a jovem considera que “o apoio dos adeptos boavisteiros tem sido importante e o respeito das pessoas pelo futebol feminino é já enorme”. Mas no geral, Rita defende que “ainda há muito por fazer em Portugal”.

O sonho da Seleção Nacional

Com o Boavista, veio também a seleção nacional. Para Rita, vestir a camisola das quinas e ouvir o hino nacional era algo “inimaginável até há bem pouco tempo”. Para a jogadora, ter sido eleita capitã de equipa foi “uma prova do seu valor” e uma “enorme responsabilidade”. No entanto, reconhece que tem muito por ainda evoluir, porque “o futebol é como a fama: tanto estamos lá em cima como rapidamente caímos”.

Memórias

O momento que mais guarda na memória é a visita ao Presidente da República e a Maria Cavaco Silva no Palácio de Belém antes da partida para o europeu. Para a capitã, “ter a responsabilidade de representar a nossa seleção junto da entidade máxima do nosso país” é algo que “jamais” irá esquecer.

A presença histórica da seleção feminina no último europeu sub 19 foi um marco na sua ainda curta carreira: “Ter representado a seleção pela primeira vez numa grande competição foi um momento incrível. Uma coisa é ouvir o hino da bancada, outra é envergar a camisola e representar o país”, considera. Chegar às meias finais “foi fantástico e um motivo de orgulho”, mas depois do jogo com a Espanha “ficou a sensação que ainda podíamos ter feito mais.”

A paixão pelo futebol e o curso superior

Fã de Xavi, Iniesta e João Moutinho, a jogadora promete continuar a perseguir o seu sonho e a brilhar nos relvados portugueses. No entanto, nem só de futebol se faz a vida de Rita. A jovem conjuga o futebol com os estudos na Universidade Católica, a tirar o curso de Direito.

Para a jovem, é “perfeitamente possível conciliar os estudos e o futebol”, desde que se tenha “grande força de vontade e nos empenhemos todos os dias”, aponta. Uma das coisas que a jovem critica, no entanto, é a “falta de sensibilidade das faculdades na ajuda a atletas de alto rendimento, o que compromete muitas vezes o nosso rendimento escolar”, assinala.

Em relação ao futuro, Rita não esconde a preocupação com a atual situação do país mas crê que ainda é cedo para pensar no que vai fazer quando terminar o curso: “Tenho muito receio do futuro e questiono-me daquilo que vou fazer, mas sinto que ainda é cedo para falar nisso”.

Entre o futebol e a advocacia, a jovem prefere seguir o caminho mais seguro, pelo que a sala de audiências bem pode ser o seu futuro local de trabalho. A defender pessoas ou a marcar golos, Rita Fontemanha promete continuar a ser uma jovem cheio de sonhos e metas para cumprir.