Quatro décadas depois de surgir no panorama cultural portuense, a Seiva Trupe esperava voltar ao período áureo da sua carreira e tornar-se, novamente, “um orgulho para o Porto” e para o País. A garantia era dada, em entrevista ao JPN, por Júlio Cardoso, atual diretor artístico.

Mas um mês depois destas declarações, em outubro, a Seiva Trupe ficou sem casa: a companhia foi despejada do Teatro do Campo Alegre (TCA), que ocupava desde o ano 2000, pela Câmara Municipal do Porto. Em causa estaria o incumprimento no pagamento de uma dívida à a Fundação Ciência e Desenvolvimento, responsável pelo espaço do TCA.

Sem acordo possível, pelo menos até ao momento (apesar da mudança do executivo camarário, entretanto), a Seiva Trupe aproveitou o estender de mão da Câmara de Matosinhos, que colocou à disposição da companhia o Cineteatro Constantino Nery, e estreará esta sexta-feira, 22 de novembro, a primeira peça “fora-de-portas”.

A história, denominada “Aberdeen – Um Possível Kurt Cobain”, está em cena até à próxima quinta-feira, 28 de novembro. Como o nome indica, gira em torno de Kurt Cobain, líder da banda Nirvana, e traz ao palco a música e as histórias de drogas e solidão que o caracterizaram através da recriação de conversas que o cantor tinha com o amigo imaginário, “Boddah”.

Certo é que, apesar da solidariedade da Câmara de Matosinhos, que “logo no primeiro dia” disponibilizou o Teatro Municipal“, a companhia “fez de tudo para a estrear [a peça, que já vinha sendo preparada há quatro anos] no Teatro do Campo Alegre”. Não resultou: “Ao fim de 40 anos de existência da Seiva Trupe, fomos obrigados a levar a peça para fora da cidade do Porto”, diz Júlio Cardoso, em declarações à Lusa.