Diogo Costa é atleta do Ginásio Clube Vilacondense, equipa de Vila do Conde, de onde é natural. Começou a treinar aos cinco anos, mas a paixão pelos trampolins só chegou mais tarde. “Mais ou menos até aos 13 anos parecia que não tinha jeito para o que fazia, pensava que estava a desperdiçar tempo”, conta. “A partir daí começou tudo a tornar-se mais fácil e comecei a ter mais resultados do que o que tinha antes”.

Há cerca de cinco anos que participa em campeonatos europeus e mundiais, mas não sente que o seu trabalho seja reconhecido em Portugal. “É preciso fazer muito para as pessoas começarem a ter um reconhecimento do nosso valor e do nosso trabalho”, afirma o ginasta. “Por exemplo, no meu caso, agora, ganhei o mundial e quando voltei senti que as pessoas não davam tanto valor, foi como quase nada se tivesse passado”.

A vida de um ginasta de trampolim

Diogo Costa diz que praticar ginástica de trampolim não é fácil e tem muito a ver com a parte psicológica de cada um. “Nós temos que motivar-nos a nós próprios. (…) Isso é que é difícil, é uma luta mais ou menos sozinho”, explica. “Isto exige muito treino e muito exercício, temos de o fazer muitas vezes e os saltos são uma coisa visual. (…) Exige um desgaste psicológico muito grande e é por isso que é tão difícil e leva-nos à desmotivação muito facilmente”.

Na verdade, só uma boa gestão do tempo é que permite a Diogo levar uma vida equilibrada. O jovem de 18 anos estuda no ISMAI e diz que a sua vida é feita de estudar, treinar e sair com os amigos quando pode. “Tento gerir de uma forma a ter tempo para tudo, e tenho. Sinto que consigo gerir bem a minha vida”.

Foi há cerca de dois meses que Diogo Costa se sagrou campeão do mundo em duplo mini trampolim 17/18 anos, no torneio que se realizou na Bulgária, mas a falta de reconhecimento para o feito deve-se, segundo o próprio, à política desportiva de Portugal, em que o futebol é o “desporto-rei”. Diogo sente que quando se representa o país enquanto atleta é preciso “pôr de lado a parte financeira” e dar mais importância ao “amor pelo país”, apesar da desilusão que sente para com Portugal.

“Ganhei um mundial e praticamente não me deram nada, foi o meu clube que me pagou tudo para ir para lá”, conta Diogo. “Eu pensei: ‘E se eu fosse de outro país? Neste momento podia estar numa situação completamente diferente. Se calhar podia ajudar os meus pais nos meus estudos, se calhar só fazia aquilo que eu gostava, que é saltar. (…) Podia estar numa situação completamente diferente do que o que estou agora'”.

Os Jogos Olímpicos no horizonte

Apesar de todas as dificuldades, Diogo Costa não esmorece e já tem os planos para o futuro bem delineados: o atleta quer “ingressar na equipa sénior nacional” e poder já participar no campeonato europeu que vai decorrer em abril, em Guimarães.

Mas os Jogos Olímpicos também são um objetivo. “Vou começar a treinar para isso, não é um processo que faço agora, exige ainda mais treino e mais tempo (…), passar dois anos a não estudar e só treinar”, explica. “Como isso é difícil cá, estou a pensar um bocado, mas em princípio vou tentar o apuramento para os Jogos Olímpicos em 2020 e 2024”.