Num ano em que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) comemora 40 anos, a Associação Nacional das Farmácias (ANF) lançou a 11 de fevereiro a petição “Salvar as Farmácias, Cumprir o SNS”. O objetivo da iniciativa é combater as fragilidades de quase 700 farmácias portuguesas, que se encontram, de acordo com a ANF, em risco de insolvência e penhora. São cerca de um quarto dos estabelecimentos existentes ao nível nacional.
Com os objetivos de dinamizar a recolha de assinaturas para a petição em curso, bem como conhecer as farmácias em situação mais precária, Paulo Cleto Duarte, presidente da ANF, visitou esta quarta-feiraa Farmácia À Casa da Música, no Porto. Segundo dados do Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR) da ANF associação, há no distrito do Porto 81 farmácias em risco, ou seja 18,5% das farmácias da zona.
Entre as principais justificações das dificuldades vividas em cerca de 25% da rede de farmácias está “o preço dos medicamentos e a forma como as farmácias são remuneradas”, afirma Paulo Cleto Duarte ao JPN. “As farmácias portuguesas que já não tinham as margens suficientes, neste momento, passaram a ter as margens mais baixas da Europa“, completou.
A ANF está particularmente preocupada com a situação das farmácias no interior do país, cujo fecho pode prejudicar a coesão territorial. Em concelhos como Viseu ou Castelo Branco, a percentagem de farmácias em risco é mais elevada do que no restante território. “Se as farmácias saírem dali, vão desproteger essa população“, observa o presidente da ANF. “As grandes cidades têm recursos para serem mais competitivas”, reforça.
Que soluções?
Na visão da ANF existem várias formas de prevenir a crise da rede de farmácias. Inicialmente, “reconhecer que o problema existe“, depois aproveitar a rede para prestar mais serviço à população “alargando o âmbito dos serviços que as farmácias podem prestar”, sugere o responsável. Paulo Cleto Duarte frisa ainda a necessidade de valorizar o interior do país: “as pessoas são iguais e têm direito exatamente ao mesmo tipo de serviços.”
Um dos objetivos da petição é, assim, combater o desequilíbrio entre o litoral e o interior do país. A par disso, a ANF quer “proibir a concentração de farmácias e a sua instalação dentro dos hospitais“. Segundo Paulo Cleto Duarte, a abertura destes espaços nas unidades hospitalares “acaba por desproteger o interior”, menos servido por este tipo de infraestruturas.
Paulo Cleto Duarte também esteve presente esta quarta-feira em Leça da Palmeira, na Farmácia E.Falcão, acompanhado do bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas e presidente do Conselho Nacional das Ordens Profissionais (CNOP), Orlando Monteiro da Silva, que apoia a petição dos farmacêuticos. Do mesmo modo, os bastonários dos médicos, enfermeiros e farmacêuticos também estão entre os signatários.
A petição “Salvar as Farmácias, Cumprir o SNS” conta com quase 3 mil assinaturas e a recolha prolonga-se até 30 de março. As primeiras 56 mil assinaturas foram entregues no dia 1 de deste mês na Assembleia da República.
Artigo editado por Filipa Silva