Sofia Silva tem 25 anos. Veio de Matosinhos ao Porto para dar sangue pela primeira vez. Já tinha tentado no passado, mas ainda não tinha conseguido. “Ouvi a notícia na rádio de que estavam a precisar de sangue e achei que era uma boa oportunidade para dar”, diz ao JPN enquanto aguarda a sua vez. Está na fila há 20 minutos, mas vai continuar a esperar: Não estava nada à espera de ver tanta gente, mas é um sinal ótimo. È sinal que as pessoas estão mobilizadas por uma causa nobre”, entende.
Atrás de si, aguarda Teresa César. É do Porto, tem 41 anos, e há mais de três anos que não dava sangue. “Vi nas notícias e decidi vir”, afirma. Também não esperava ver tanta gente: “vou ter de esperar”, conforma-se.
Ana Carvalho, dois passos atrás, também aguarda serena. Veio de Penafiel, mas é dadora regular. No seu caso, já tinha a intenção de vir. A siatuação atual do país gera-lhe “medo e preocupação”, emoções que se expressam nos olhos que abre enquanto fala: “Acho triste que se tenha chegado a este ponto. É fruto de as pessoas estarema a olhar muito para si.” A responsabilidade indiviaul é determinante na opinião da penafidelense. Quanto à gestão das autoridades políticas e de saúde, aborda-a como um par de botas que preferia não ter de calçar: “Não gostaria de estar no lugar deles. É fácil criticar, mas são decisões muito difíceis”, avalia.
Na esquina da fila do Centro Regional do Porto do Instituto Português do Sangue esperavam, ao início da tarde desta sexta-feira, cerca de 50 pessoas. A espera rondava os 20 a 30 minutos, mas como dizia José Castro, 59 anos, “também não há assim tanto para fazer”.
Muitos jovens aguardavam também a sua vez. Casos de Afonso Henriques, de 23 anos, satisfeito por ver tanta gente, e como Bernardo Rocha e Maria Nazaré, ambos com 21 anos, os dele feitos ontem, que compareceram motivados pelo alerta do Infarmed sobre a escassez das reservas de sangue. “É preciso a ajuda de todos”, sentenciou o estudante universitário.
Na última quarta-feira, o Instituto Português do Sangue e da Transplantação fez um apelo à dádiva numa altura que já costuma ser complicada, mas que com a pandemia da Covid-19 se tronou crítica. O IPST sublinha que a dádiva é segura e que a deslocação para esse efeito está autorizada, apesar do confinamento geral em vigor.
Já esta manhã, numa iniciativa de promoção da dádiva de sangue, os secretários de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, da Defesa Nacional, Jorge Seguro Sanches, fizeram a sua dádiva no IPST.