Após o desaire europeu, o FC Porto venceu (2-1), este sábado, na receção ao Paços de Ferreira, apesar de ter ficado em desvantagem logo aos 19 minutos, por golo de Nuno Santos. Dos pés de Luis Díaz e Wendell saíram os remates que viraram o resultado e que permitem aos azuis e brancos segurar o segundo lugar do campeonato, a par do Sporting (os leões venceram no campo do FC Arouca e somam também 20 pontos). O líder do campeonato, SL Benfica, joga este domingo, também para a oitava jornada, frente ao Portimonense.

Com a derrota estrondosa, a meio da semana, frente ao Liverpool FC, a ecoar ainda nas bancadas do Dragão, havia muita expectativa para perceber que mudanças iriam acontecer no “onze” inicial dos dragões, considerando sobretudo as duras palavras de Sérgio Conceição após o jogo.

E as suspeitas confirmaram-se. Foram seis as alterações feitas pelo treinador portista, com destaque para o regresso de Pepe (que recuperou de lesão) e duas grandes surpresas: Francisco Conceição, a alinhar na ala direita, e Evanilson, a substituir Toni Martínez na dupla atacante com Mehdi Taremi (que viria a aparecer no jogo quase como terceiro médio). Na formação do Paços de Ferreira voltou a entrar Stephen Eustáquio que falhou o último jogo, contra a Belenenses SAD, por castigo.

A formação de Sérgio Conceição assumiu o controlo do jogo desde início, a trocar bem a bola e a dar espaço aos seus criativos para desenharem as ações ofensivas da equipa. A acção do jogo concentrava-se sobretudo no corredor esquerdo portista, solicitando a ação ofensiva de Wendell, o “maestrismo” de Vitinha e a magia daquele que, nesta altura, é o melhor jogador do campeonato: Luis Díaz. 

Apesar da superioridade azul e branca, foi mesmo o Paços de Ferreira a marcar primeiro: bola longa do guardião pacense para Denilson que surgiu na ala direita e cruzou para o flanco esquerdo, onde apareceu Lucas Silva. O brasileiro tentou armar o remate, porém, foi Diogo Costa quem ganhou no confronto e ainda conseguiu defender a primeira investida. A bola sobrou para Nuno Santos que atirou com classe para as redes da baliza deserta do FC Porto. Os dragões voltavam a estar em desvantagem no marcador em casa.

A equipa portista tentou responder com lances de ataque sucessivos e alguns remates, sem constituir grande ameaça. A equipa do Paços de Ferreira manteve-se igual a si própria e a fazer muitas faltas. Ainda assim, os dragões não conseguiam tirar proveito das bolas paradas.

O “motor” começava a aquecer

Perto da meia hora de jogo, Francisco Conceição começava a evidenciar-se na partida. Numa jogada de perigo para os dragões, Taremi arrancou e serviu o número 10 do FC Porto no lado esquerdo. Conceição atirou, mas André Ferreira, guarda-redes do Paços, saiu de entre os postes e defendeu com o pé direito. 

O “motor” portista ia aquecendo e a velocidade ofensiva era cada vez maior. Faltava eficácia, mas a pressão forte e a rápida reação à perda estavam a impedir que a equipa de Jorge Simão tivesse posse de bola e que causasse mais algum susto à baliza de Diogo Costa.

O contrário já não se verificava. Em mais um contra-ataque do FC Porto, na sequência de uma bola parada dos visitantes, Taremi fugiu em direção à baliza da equipa adversária e sofreu falta de Antunes, lateral dos pacenses. Os dragões pediram pontapé de penálti, mas Manuel Mota, juiz da partida, indicou que a falta teria sido fora da área.  Mais um livre para Vitinha, também de regresso ao onze inicial (e que acabou por ser um dos melhores em campo). O camisola 20 rematou direto à baliza e André Ferreira ainda desviou, com as pontas dos dedos, a bola por cima da trave.

E o golo surgiu mesmo, ou não estivesse Luis Díaz em campo. O colombiano transportou a bola no lado direito, deu para Taremi, que cruzou para Evanilson. Na sequência de um corte da defesa do Paços, a bola sobrou para Díaz (melhor marcador da Liga), que fez o empate, já merecido, para a equipa da casa.

O segundo não tardou em chegar

Foi como se o intervalo não tivesse acontecido. Na segunda metade da partida, as equipas entraram em campo com a mesma intensidade e não demorou muito até que a formação do Paços de Ferreira voltasse a estar “encostada às cordas” pela equipa portista. 

Aos 51 minutos, Vitinha bate um pontapé de canto à direita para o cabeceamento de Evanilson, que acertou em cheio na barra da baliza de André Ferreira, e a bola acabou desviada pela linha final, pelos visitantes.

Seguiu-se novo canto, com a bola a pingar na área dos pacenses e André Ferreira ainda a conseguir sacudir, mas a bola sobrou para Wendell, que ao segundo poste, rematou de primeira, e em cheio, para o fundo das redes do Paços. Estava consumada a reviravolta no marcador.

Embora estivessem em desvantagem, os jogadores de Jorge Simão não desistiram de lutar pelo resultado e, pouco tempo depois, Nuno Santos voltou a ameaçar as redes portistas com um cruzamento falhado que acabou por ir ao poste esquerdo da baliza de Diogo Costa. O jogo continuava em aberto, com o FC Porto também a chegar perto, por várias vezes, da área adversária, criando oportunidades para marcar o terceiro golo. 

Ao cair do pano, um lance polémico, com Taremi a cair na área do Paços de Ferreira, numa disputa com Maracás, central do Paços. O árbitro da partida entendeu que o iraniano simulou a falta e mostrou o segundo amarelo, expulsando o camisola 9 do FC Porto.

Com este resultado (2-1), os dragões regressaram às vitórias e mantêm-se no segundo lugar da tabela, enquanto que a equipa da capital do móvel continua sem vencer, pelo quarto jogo consecutivo.

“Sei aquilo que fiz e o porquê de o fazer”

No final da partida, Sérgio Conceição confessou estar “muito satisfeito com a equipa”, mesmo ao intervalo quando o jogo estava empatado, o que, segundo o técnico, “não é muito normal”.

O treinador dos dragões elogiou ainda a “atitude competitiva” dos jogadores e fez questão de referir que, no que toca à preparação do jogo, “eles [os jogadores] entenderam na perfeição”.

Relativamente à revolução na equipa titular, o técnico dos azuis e brancos negou que estivesse relacionada com as suas palavras depois do jogo com o Liverpool FC e explicou que funciona com os jogadores “como família” e que são “um grupo unido”. “Sei aquilo que fiz e o porquê de o fazer”, afirmou Conceição à Sporttv.

“O FC Porto foi realmente muito forte”

Questionado sobre o golo da equipa portista a acabar a primeira parte, Jorge Simão admitiu que “é difícil sofrer um golo no momento daqueles”.  O técnico realçou a dificuldade da equipa ao nível da posse de bola, ”não por demérito” do Paços, mas porque “o FC Porto foi realmente muito forte”.

A paragem para as seleções será importante, segundo o treinador pacense, por causa das várias lesões que têm fustigado a equipa: “Cai num período fantástico para nós”, admite Jorge Simão.

Para o campeonato, o FC Porto só volta a jogar no dia 23 de outubro, em casa do CD Tondela, e o Paços de Ferreira recebe, no dia seguinte, o FC Arouca. Antes, ambas as equipas vão entrar em campo para a terceira eliminatória da Taça de Portugal: os dragões vão defrontar o Sintrense e os pacenses jogam com o Águias do Moradal.

Artigo editado por Filipa Silva